Sob aplausos e fogos de artifício, corpo de Eduardo Campos é enterrado em Recife
Segundo a PM, funeral levou cerca de 130 mil pessoas às ruas da capital pernambucana
Eleições 2014|Diego Junqueira, enviado especial do R7 a Recife
Quatro dias após o trágico acidente com um jatinho em Santos (SP), foi enterrado em Recife (PE), às 19h deste domingo (17), o corpo do candidato à Presidência e ex-governador de Pernambuco, Eduardo Campos. O sepultamento estava marcado para as 17h, mas o cortejo até o cemitério de Santo Amaro levou cerca de uma hora e meia. O velório do político começou no fim da noite de ontem, quando seus restos mortais chegaram à Base Aérea de Recife. Em seguida, o caixão percorreu, em carro aberto, diversas regiões da cidade.
Hoje, cerca de 130 mil pessoas foram às ruas para prestar homenagens a ele, segundo informações da Polícia Militar. Pela manhã, autoridades estiveram no Palácio do Campo das Princesas para o velório. Foi realizada uma cerimônia religiosa por volta das 10h. A presidente Dilma Rousseff (PT), o ex-presidente Luiz Inácio Lula da Silva, ministros, governadores, prefeitos e outras autoridades estiveram presentes.
Por volta das 16h30, o caixão de Eduardo Campos seguiu em carro aberto em cortejo de aproximadamente 2 km até o cemitério de Santo Amaro. Ele foi sepultado ao lado do tio, Carlos Augusto Arraes de Alencar, além do avô, Miguel Arraes — que também já governou o Estado e morreu em 2005, exatamente no mesmo dia que o neto: 13 de agosto.
Junto com o corpo, no caminhão, estavam quatro dos cinco filhos de Eduardo Campos, a viúva Renata Campos, a mãe dele, Ana Arraes, e também a candidata a vice na chapa do PSB, Marina Silva.
O cortejo de 2 km até o cemitério arrastou milhares de pessoas - uma boa parte delas ainda estava na fila para o velório.
Centenas de pessoas aguardavam no cemitério de Santo Amaro para acompanhar de perto o enterro. Renata e os filhos vestiam uma camiseta branca com a frase “não vamos desistir do Brasil”, a mesma dita pelo candidato em sua última entrevista, no dia anterior à morte.
Dois filhos de Eduardo (João e Pedro) ajudaram a carregar o caixão no cemitério. Eles usavam chapéus de palha, uma espécie de símbolo da família Arraes e uma forma de homenagear o pai e o bisavô. Antes que o corpo descesse, Renata e os quatro filhos se aproximaram para o último adeus. O caçula, Miguel, de sete meses, não esteva no enterro.
Durante cerca de 20 minutos, uma rajada de fogos de artifício homenageou o político. O filho João puxou o grito: "Eduardo, guerreiro do povo brasileiro", repetido por quem estava no cemitério. O hino nacional também foi cantado durante o sepultamento.
Após o caixão descer, Renata e os quatro filhos ficaram abaraçados até que o enterro fosse concluído.
Campos foi o último dos seis mortos no acidente a ser sepultado. Durante a tarde, foram enterrados: o piloto e o copiloto, em Maringá (PR) e Governador Valadares (MG), respectivamente; o assessor de imprensa Carlos Augusto Ramos Leal Filho, em Recife; o cinegrafista Marcelo Lyra, em Paulista (PE), mesmo local onde o fotógrafo Alexandre Severo foi cremado. O sepultamento do assessor político Pedro Valadares foi feito em Aracaju (SE).
O acidente
A trágica morte de Eduardo Campos e de outras seis pessoas interrompeu a campanha ao Palácio do Planalto desde quarta-feira (13). O horário eleitoral na TV e no rádio começa na terça-feira (19). O PSB tem até o dia 23 para definir quem irá compor a nova chapa. Os dois primeiros programas se dedidcarão a homenagens a Campos.
Marina Silva já é certa como a nova candidata à Presidência. Resta o nome do vice. O partido se reunirá na quarta-feira (20), em Brasília, para oficializar a decisão.
Na manhã de quarta-feira, o jatinho com o candidato decolou do aeroporto Santos Dumont, no Rio de Janeiro, com destino à Base Aérea de Santos, no litoral de São Paulo. Ele cumpriria agenda de campanha na região e, à tarde, gravaria programas eleitorais na capital paulista.
O tempo estava fechado e chuvoso na hora em que o jatinho chegou ao aeroporto. A última comunicação do piloto com o controle aéreo foi para informar que ele iria arremeter o pouso. A voz dele era tranquila. Logo após esse contato, a aeronave caiu em um bairro residencial da cidade.
Dez pessoas ficaram feridas, sem gravidade. Algumas testemunhas relataram que viram a aeronave em chamas antes de cair. A força do impacto abriu uma cratera no chão. Os trabalhos do Corpo de Bombeiros, de peritos e da Força Aérea no local duraram três dias. As causas do acidente são investigadas pela Polícia Federal e pelo Cenipa (Centro de Investigação e Prevenção de Acidentes Aeronáuticos).
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