Funcionários do MSF ficam em choque após o ataque
reprodução/BBCA organização humanitária internacional Médicos Sem Fronteiras (MSF) confirma, até o momento, a morte de 19 pessoas durante o bombardeio iniciado às 2h10 deste sábado (3), ao hospital de MSF em Kunduz, no Afeganistão. Destas 19 pessoas, 12 eram funcionários do MSF, além de sete pacientes. Segundo as últimas informações, 37 pessoas foram gravemente feridas durante o ataque. Ainda não se sabe quem foi o autor do bombardeio. Os EUA estavam atacando os talebãs na cidade, e há suspeitas que uma bomba americana possa ter atingido o hospital, mas o ataque ainda está sob invetsigação.
Alguns dos pacientes mais gravemente feridos estão sendo transferidos para estabilização em um hospital em Puli Khumri, que fica a duas horas de carro de Kunduz. Há muitos pacientes e profissionais que permanecem desaparecidos.
O Alto Comissário da Organização das Nações Unidas (ONU) para os Direitos Humanos, Zeid Ra’ad Al Hussein, disse hoje que é indesculpável o ataque.
— Este acontecimento é profundamente trágico, indesculpável e possivelmente criminoso. Se for considerado pela Justiça como deliberado, um ataque aéreo a um hospital pode constituir um crime de guerra.
Funcionários do MSF ficam em choque após bombardeio
O MSF condena fortemente o ato contra seu hospital em Kunduz que estava lotado de profissionais e de pacientes. MSF esclarece que todas as partes em conflito, incluindo as de Cabul e Washington, foram claramente informadas sobre a localização precisa (coordenadas geográficas) das instalações da organização — hospital, dormitório dos profissionais, escritório e uma unidade de estabilização ambulatorial em Chardara (no noroeste de Kunduz), de acordo com Meinie Nicolai, presidente de MSF na Bélgica.
— Esse ataque é abominável e uma grave violação do direito internacional humanitário. Nós exigimos total transparência por parte das forças de coalizão. Não podemos aceitar que essa terrível perda de vidas seja simplesmente descartada como ‘danos colaterais’.
Como MSF faz em todos os contextos de conflitos armados, essas localizações precisas foram comunicadas a todas as partes beligerantes em diversas ocasiões ao longo dos últimos meses, mais recentemente em 29 de setembro.
O bombardeio durou mais de 30 minutos após oficiais militares americanos e afegãos em Cabul e em Washington serem primeiramente informados sobre o ataque. de acordo com, Heman Nagarathnam, coordenadora geral dos programas de MSF no norte do Afeganistão, o MSF busca urgentemente esclarecer exatamente o que houve e como esse evento terrível pode ter acontecido.
— As bombas caíram e, então, nós ouvimos o avião sobrevoando em volta. Houve uma pausa e depois mais bombas caíram. Isso aconteceu repetidas vezes. Quando eu consegui sair do escritório, o principal prédio do hospital estava envolto em chamas. As pessoas que tinham condições de se mover correram rapidamente para os dois bunkers do prédio em busca de segurança. Mas os pacientes que eram incapazes de escapar queimaram até a morte, enquanto estavam deitados em seus leitos.
Desde que confrontos eclodiram na segunda-feira, 28 de setembro, MSF tratou 394 feridos. Quando o ataque aéreo aconteceu, tínhamos 105 pacientes e seus acompanhantes no hospital, e mais de 80 profissionais nacionais e internacionais de MSF presentes.
O hospital de MSF em Kunduz é a única instalação do tipo em toda a região nordeste do Afeganistão, oferecendo cuidados de traumas vitais. Os médicos de MSF tratam todas as pessoas de acordo com suas necessidades médicas e não fazem distinção com base em etnia, religião ou filiação política.
MSF começou a atuar no Afeganistão em 1980. Em Kunduz, assim como no restante do país, o pessoal internacional trabalha junto ao nacional para garantir a melhor qualidade de tratamento. MSF apoia o Ministério da Saúde no hospital de Ahmad Sha Baba, no leste de Cabul, na maternidade de Dasht-e-Barchi, no oeste de Cabul, e no hospital de Boost, em Lashkar Gah, na província de Helmand.
Em Khost, no leste do país, MSF opera um hospital-maternidade. A organização conta apenas com financiamento privado para a realização de seu trabalho no Afeganistão e não aceita recursos de nenhum governo.
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