Ataque de islamitas somalis deixa 49 mortos no Quênia
Grupo invadiu localidade costeira e abriu fogo contra hotéis, restaurantes e prédios públicos
Internacional|Do R7
Pelo menos 49 pessoas morreram no domingo (15) à noite em um novo ataque no Quênia atribuído aos islamitas somalis 'shebab', que invadiram uma localidade costeira perto do arquipélago turístico de Lamu (leste) e abriram fogo contra hotéis, restaurantes e prédios públicos.
A ação, que não foi reivindicada até o momento, é a mais violenta desde o ataque de uma unidade shebab ao centro comercial Westgate de Nairóbi em setembro de 2013, que terminou com 67 mortos.
O chefe de polícia David Kimaiyo atribuiu o ataque a ativistas shebab da vizinha Somália, cuja fronteira fica 100 km ao norte.
Mas, contactada pela AFP, uma fonte dos islamitas somalis se recusou a fazer comentários.
Os moradores estavam em choque nesta segunda-feira (16). Entre os escombros ainda era possível ouvir os gritos de dor.
Quase 50 homens cometeram o ataque durante a transmissão da Copa do Mundo na localidade de Mpeketoni, que fica a 30 km da cidade turística de Lamu, que é considerada patrimônio da humanidade pela Unesco.
Segundo fontes locais, a região de Mpeketoni tem principalmente cristãos, enquanto na costa, onde ficam os turistas ocidentais, a maioria é muçulmana.
Os extremistas atacaram a delegacia de polícia local, mas os agentes responderam ao ataque, segundo a porta-voz da polícia queniana, Zipporah Mboroki. Depois abriram fogo nas ruas, antes de invadir hotéis e restaurantes, onde os clientes assistiam as partidas da Copa do Mundo do Brasil.
Os tiros foram ouvidos durante toda a noite e o exército mobilizou dispositivos aéreos para localizar os criminosos, segundo o Centro Nacional de Gestão de Catástrofes (NDOC).
"O balanço é de 49 mortos", declarou à AFP Mboroki.
Mas o policial afirmou que o balanço pode aumentar, já que as autoridades ainda procuram corpos.
"Eram quase 50 criminosos, fortemente armados, que estavam em três automóveis. Exibiam a bandeira dos shebab e falavam em somali. Gritavam 'Allahu Akba' (Deus é grande)", declarou o chefe adjunto da polícia do departamento, Benson Maisori
"Desde o início do ataque contra a delegacia de polícia, as autoridades locais pediram a todos os estabelecimentos que exibiam as partidas que fechassem as portas e aos clientes que retornassem para suas casas", contou à AFP o jornalista queniano Ferdinand Omondi.
Ao que parece, a maioria dos homens conseguiram escapar e continuaram espalhando o terror na região, especialmente na localidade de Kibanoi, a seis quilômetros de Mpeketoni.
A tensão não para de aumentar desde março, quando os atentados ganharam intensidade, especialmente na costa do Oceano Índico, com ameaças a zonas turísticas.
O ataque em Mpeketoni eleva a 77 o número de mortos desde o início de 2014 no Quênia em ações atribuídas aos shebab ou a seus simpatizantes.
Os shebab ameaçaram com represálias depois que o Quênia enviou seu exército para combater os extremistas na Somália, em outubro de 2011.
O exército queniano se uniu à força da União Africana que combate os islamitas.