Comunidade judaica considera resolução da Unesco sobre Jerusalém uma agressão a Israel
Presidente de entidade diz que mundo tem de saber a real importância da cidade para os judeus
Internacional|Eugenio Goussinsky, do R7
A resolução aprovada pelos 58 estados membros do Conselho Executivo da Unesco, na última quinta-feira (13), além de passar informações distorcidas sobre a essência de Jerusalém, é uma agressão à religião judaica e à história de Israel, segundo os principais representantes da comunidade judaica no mundo. Um deles, o presidente executivo da Fisesp (Federação Israelita do Estado de São Paulo), Ricardo Berkiensztat, fez severas críticas ao conteúdo do voto, em depoimento ao R7:
— No voto da Unesco, o texto diz que o Monte do Templo não tem vinculação alguma com o judaísmo, quando é a base da religião judaica. A cidade de Jerusalém e em especial aquele lugar onde estavam os dois templos sagrados do judaísmo são a essência da religião judaica. No momento em que ela fala que a única cultura que tem ali é muçulmana, isso nos agride enquanto povo, tal resolução, desta maneira, é uma agressão ao judaísmo e a Israel porque a base da nossa religião é voltada para esses locais.
O texto critica Israel, argumentando que o país restringe acesso de muçulmanos a um local também sagrado para o Islã, conhecido pelos muçulmanos como al-Aqsa our Haram al-Sharif. O que mais ofendeu Israel, porém, foi a negação de que aquele local, há milênios, se tornou um centro sagrado para a religião judaica, base da história do povo judeu e fonte de inspiração para o seus líderes, principalmente após a sua conquista, sob o comando do Rei David (cerca de 1000 a.c).
A contrariedade do atual governo de Israel com a postura da Unesco foi tanta que o país suspendeu qualquer tipo de cooperação com a entidade, no dia seguinte à resolução. Berkiensztat faz questão de ressaltar que a posição de Israel é legítima em relação à resolução (que é renovada periodicamente). Para ele, o momento agora exige que a comunidade judaica e o governo israelense mostrem para o mundo o quão absurda é tal resolução, na qual em vários momentos os locais são citados apenas com os nomes muçulmanos.
— Nosso primeiro objetivo agora é mostrar ao mundo a verdade, o que é Jerusalém, a importância daquela região para o judaísmo. Obviamente o voto da Unesco não é algo que mexe com o dia a dia de lá, é mais uma pressão de países árabes para de alguma forma tentar constranger Israel no cenário internacional, o que precisa ficar claro.
Até mesmo o argumento de que muçulmanos sofrem restrições para entrar em locais reverenciados pelo Islã é rebatido por Berkiensztat, que afirma ser Jerusalém um local aberto a todas as crenças que o consideram sagrado.
— Temos agora que apresentar o lado positivo de Jerusalém e mostrar de que forma as três religiões (judaísmo, cristianismo e islamismo - monoteístas) conseguem conviver ali pacificamente e cada uma tem liberdade para seguir seus rituais e seus cultos.
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