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"Eles não são manifestantes, são criminosos", diz major da PM sobre protesto em BH

Ato de moradores de ocupações terminou em confronto e algumas pessoas ficaram feridas

Minas Gerais|Thaís Mota, do R7

Ônibus foi incendiado durante a manifestação
Ônibus foi incendiado durante a manifestação
Grupo de cerca de 500 pessoas fechou o trânsito na MG-010
Grupo de cerca de 500 pessoas fechou o trânsito na MG-010

O porta-voz da PM (Polícia Militar), major Gilmar Luciano, classificou o protesto realizado por moradores de ocupações urbanas de Belo Horizonte na manhã desta sexta-feira (19) como um ato criminoso. A manifestação aconteceu na MG-010, em frente à Cidade Administrativa, e terminou com seis pessoas feridas e 30 presas.

— Eles não são manifestantes, são criminosos.

Além disso, o militar informou que a PM já oficiou o Ministério Público de Minas Gerais sobre a confusão e disse que os manifestantes estariam usando "crianças na linha de frente" do protesto.

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Major Gilmar Luciano também informou que a PM continuará monitorando a região pois há informações de que algumas pessoas estariam planejando realizar novos protestos próximo ao Shopping Estação e também em frente o Hospital Risoleta Neves, para onde foram levados alguns dos feridos no confronto.

A reportagem tentou contato com vários representantes dos moradores das ocupações, mas ninguém foi encontrado para falar sobre o caso. No entanto, eles divulgaram uma nota dizendo que a PM foi violenta e usou bombas de gás lacrimogêneo e balas de borracha para desocupar a MG-010. Ainda segundo o grupo, uma criança foi ferida no confronto. "Várias pessoas estão feridas inclusive uma criança que foi alvejada pela polícia e agora está a caminho do hospital", afirma o comunicado.


Os moradores alegaram ainda que o protesto estava sendo realizado de forma pafícia. "As pessoas que, de maneira pacifica, estão manifestando para evitar que suas casas sejam despejadas estão sofrendo com a ação violenta e desproporcional da policia militar em mais um cenário de guerra".

Entenda o caso


O protesto teve início por volta de 9h30 com um grupo de aproximadamente 1.000 pessoas fechando a rodovia em frente à sede do governo de Minas. Em nota, os integrantes do movimento informaram que o protesto estava sendo realizado por causa de uma nova decisão judicial que teria autorizado o despejo de 8.000 famílias que vivem em três ocupações da capital.

Segundo a PM, durante o ato, manifestantes teriam apedrejado ônibus que transportam funcionários da Cidade Administrativa e, inclusive, atearam fogo em um coletivo. Militares do Corpo de Bombeiros estiveram no local para conter as chamas. 

— Três servidores da Cidade Administrativa ficaram em estado de choque e precisaram de atendimento médico porque os criminosos fecharam o ônibus em que eles estavam e gritavam que iriam bater e matar todos que trabalhassem para o governo.

Outras seis pessoas ficaram feridas e foram socorridas para o Hospital Risoleta Neves e para a UPA (Unidade de Pronto-Atendimento) de Venda Nova. Além disso, 30 manifestantes foram presos e encaminhados à Central de Flagrantes da Polícia Civil.

Militares da tropa de Choque, da Rotam, do Batalhão Aéreo, do Batalhão de Polícia Militar Rodoviário, além do efetivo do 13º Batalhão, foram deslocados para a região. Nenhum militar ficou ferido.

Por causa do protesto, o trânsito ficou bastante complicado na região.

Resposta

Por meio de nota, o Governo de Minas informou que negocia com os líderes dos movimentos populares há cerca de três meses para solucionar a questão da moradia das famílias residentes em ocupações. Conforme o comunicado, em março deste ano, foi apresentada uma proposta de construção de conjuntos habitacionais pelo programa Minha Casa Minha Vida, que vai assegurar o assentamento da comunidade em parte das cerca de 9.000 unidades que serão construídas na primeira fase.

A proposta prevê a desocupação de parte da área para que o projeto seja iniciado. O tempo previsto de duração das intervenções é de 18 meses e, durante este período, o Governo "comprometeu-se com o apoio ao remanejamento das famílias da área ocupada para outra área na mesma região até que todos sejam reassentados nos imóveis novos". Além disso, para as famílias mais numerosas serão indicados apartamentos de três quartos. O conjunto habitacional vai contar ainda com escolas, postos de saúde, áreas de lazer, acesso à água tratada e transporte público. Ainda de acordo com a nota, todas as propostas feitas pelo Estado foram recusadas pelos líderes da ocupação, o que "obriga ao cumprimento da decisão judicial de reintegração de posse da área ocupada".

Sobre o protesto ocorrido na manhã desta sexta-feira (19), que terminou com confronto entre manifestantes e PM, o Governo informou que a ação de desocupação é uma determinação da Justiça mineira, a pedido da Prefeitura de Belo Horizonte. O comunicado ressalta ainda que a PM "agiu para assegurar a livre circulação da população. O Governo de Minas Gerais reconhece o direito à livre manifestação, mas trabalhará sempre para a manutenção da ordem, sem tolerar a interdição de vias públicas".

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