O ambiente nos bastidores do Itamaraty foi de alívio nesta quinta-feira (21), após dias de constrangimento, provocado pela decisão do Planalto de escolher como interlocutores locais para reuniões com o embaixador da China no Brasil, Yang Wanming, três ministros de estado que não são negociadores naturais do meio diplomático.
Para a missão foram destacados Eduardo Pazuello, da Saúde, Tereza Cristina, da Agricultura e Fábio Faria, das Comunicações. Após as articulações, o governo chinês, por meio da representação diplomática, emitiu comunicados sinalizando com a retomada da cooperação no envio célere dos insumos para produção de vacinas.
Ocupado nos últimos dias com a posse do presidente americano Joe Biden, Araújo veio a público esta tarde para comemorar a decisão dos indianos que, segundo ele teriam colocado o Brasil “na mais alta prioridade”, na remessa de vacinas. Um vôo com destino a Mumbai deixou de decolar na noite da última sexta-feira (15), após autoridades da Índia indicarem que não havia disposição de envio imediato de 2 milhões de doses do imunizante. No dia seguinte, o país deu a largada na vacinação em massa da própria população.
O anúncio da reviravolta na decisão dos indianos de remessa das vacinas, ao que tudo indica, nos próximos dias, foi antecipado pelo deputado federal Fábio Ramalho (MDB/MG), que revelou a jornalistas o fato, mais de duas horas antes do chanceler.
No caso da China, Araújo assumiu posição crítica ao país em diversos episódios recentes, além de não atuar para pacificar as reações duras do embaixador Wanming em defesa de seu país, principalmente após críticas do deputado Eduardo Bolsonaro (PSL/RJ), filho do presidente. Ao contrário, o embaixador acabou repreendido publicamente por integrantes do governo por ter um adotado tom muito acima do usual no trato entre representantes dos países.
O sucesso das negociações com os indianos resgata o chanceler em meio à crise. Mereceu, no entanto, um lacônico registro público do presidente Bolsonaro, que escreveu em uma rede social: “Meus cumprimentos ao Itamaraty, a Ernesto Araújo e aos servidores pelo trabalho realizado.”
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