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Protestos no Rio: conquistas, vandalismo e o retorno do engajamento; relembre

Greve dos professores, caso Amarildo e abuso policial foram alvo dos manifestantes

Retrospectiva 2013|Do R7

As causas foram se transformando e também deram espaço à busca pelo pedreiro Amarildo
As causas foram se transformando e também deram espaço à busca pelo pedreiro Amarildo As causas foram se transformando e também deram espaço à busca pelo pedreiro Amarildo

A partir de junho, os cariocas adaptaram suas rotinas à onda de protestos, que na capital fluminense se concentraram no centro do Rio. Os carros que ocupavam as principais vias deram lugar ao povo que reivindicava a redução do preço da passagem de ônibus. As causas foram se transformando e também deram espaço à busca pelo pedreiro Amarildo, desaparecido desde julho passado, e a reivindicações dos professores e indígenas.

O dia a dia teve de se adequar à nova realidade. Muitos cariocas eram liberados mais cedo do trabalho e o comércio precisou fechar, antes do horário convencional, com medo de ser alvo de vandalismo.

Segundo o presidente da Sindilojas (Sindicato dos Lojistas do Comércio do Município do Rio de Janeiro) e do CDL Rio (Clube de Diretores Lojistas do Rio de Janeiro), Aldo Gonçalves, os comerciantes do centro da capital tiveram perda de R$ 70 milhões por dia durante o período de manifestações.

— As pessoas estavam evitando o centro. Elas não iam com tranquilidade ao centro para fazer compras. Os escritórios fechavam mais cedo.

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De acordo com Gonçalves, todos esses fatores resultaram em queda de faturamento. Como segurança, a única alternativa era fechar as portas e colocar tapumes nas fachadas de vidro.

Toda essa mudança foi provocada pelo aumento das passagens do transporte público na cidade. Apesar do transtorno causado pelos protestos, as reivindicações surtiram efeito. Em 19 de junho, o governo do Rio de Janeiro voltou atrás e revogou o aumento de R$ 0,20. Apesar disso, o prefeito Eduardo Paes, já anunciou, no início de dezembro, que o preço dos ônibus voltará a subir em 2014.

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Truculência e vandalismo

A ação da polícia nas manifestações foi alvo de críticas. O uso de balas de borracha, gás lacrimogêneo e spray de pimenta virou rotina nos protestos. A conduta foi criticada até mesmo pelo secretário de Segurança Pública do Rio, José Mariano Beltrame. Os agentes adotaram outras estratégias. Eles passaram a revistar bolsas ou mochilas dos manifestantes e acompanhar os atos junto ao público, e não à distância.

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Circularam na internet vídeos em que PMs tentavam incriminar um jovem com um morteiro e até uma foto em que um agente segurava um cassetete quebrado acima da legenda “foi mal fessor”, uma referência aos professores em greve.

Em setembro, o uso de máscaras em manifestações foi proibido para inibir a ação dos black blocs, cuja ação envolve atos de vandalismo. Apesar da proibição, é comum o uso de máscaras nas manifestações.

Com o desaparecimento do pedreiro Amarildo Dias, em 14 de julho, durante uma ação policial na Rocinha, os protestos também cobravam uma explicação a cerca do caso e da ação da PM em favelas do Rio. O assunto é investigado e o corpo do pedreiro ainda não foi encontrado. As investigações apontaram 25 policiais militares como suspeitos. Eles foram presos em outubro e serão julgados por tortura, ocultação de cadáver, fraude processual e formação de quadrilha. Entre os acusados, está o major Edson Santos, comandante da UPP do local.

Conquistas das ruas

O governo também voltou atrás quanto à área no entorno do estádio do Maracanã, na zona norte, que seria transformada em estacionamento para a Copa de 2014. Entre os locais que foram motivo de disputa entre manifestantes e o Estado, estão o Museu do Índio, a Escola Municipal Friedenreich, o Parque Aquático Júlio Delemare e o Estádio de Atletismo Célio de Barros.

O Museu do Índio foi preservado depois de protestos realizados desde março. O prédio centenário será transformado em Museu Olímpico. A desocupação do local terminou em confusão e a polícia agiu com bombas de gás lacrimogêneo, balas de borracha e spray de pimenta, deixando feridos. Os indígenas deixaram oo local e ocuparam um abrigo em Jacarepaguá. Em agosto, um grupo retornou ao museu.

Nos planos do governo, também estavam a demolição da Escola Municipal Friedenreich, do Parque Aquático Júlio Delemare e do Estádio de Atletismo Célio de Barros. Depois de protestos no Rio, os locais foram impedidos de serem demolidos. A escola está entre as dez primeiras no Ideb (Índice de Desenvolvimento da Educação Básica) nacionalmente e atende a 350 crianças com necessidades especiais.

Apesar de não terem alcançado todas as reivindicações, os professores discutirão em fevereiro de 2014 a questão salarial. Os docentes ficaram em greve por mais de dois meses e, durante os protestos, foram violentamente reprimidos pela polícia. Neste período, o governo disse que iria descontar os dias de ausência dos professores, iniciar um inquérito para puni-los pela greve e aplicar a multa de R$ 300 mil destinada ao Sepe (Sindicato Estadual dos Profissionais de Educação do Rio). As medidas foram abandonadas após um acordo feito no término da greve no final de outubro.

Com a onda de protestos, a imagem do governador Sérgio Cabral, alvo de constantes críticas, ficou bastante prejudicada na véspera de um ano eleitoral. Apesar de reverter decisões após as manifestações, pesquisas apontaram a queda da popularidade de Cabral.

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