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Após estupros, alunas fazem manifestação na Universidade Rural, em Seropédica

"A Universidade está escura e o mato está maior que a gente", diz estudante

Rio de Janeiro|Do R7

Na semana passada, dois casos de estupro foram confirmados
Na semana passada, dois casos de estupro foram confirmados Na semana passada, dois casos de estupro foram confirmados

Desde o início do ano letivo alunos da UFRRJ (Universidade Federal Rural do Rio de Janeiro) se queixam à reitoria sobre a falta de iluminação, serviço de capinagem e segurança dentro do campus de Seropédica, na Baixada Fluminense. Segundo os estudantes, a sensação de insegurança dentro da instituição se faz presente no cotidiano, principalmente, no dia-a-dia das alunas. Na semana passada, dois casos de estupro foram registrados na Universidade, sendo confirmados pela reitoria na última quinta-feira (11).

— Há um descaso enorme, a Universidade está escura, o mato está maior que a gente e não há ronda eficiente durante a noite nem de dia — destacou uma das organizadoras do ato "Chega de silêncio", que acontece nesta segunda-feira (15). O protesto pretende chamar atenção aos casos de violência e cobrar ações da administração da Universidade. Segundo a organização, uma das principais reivindicações é que a UFRRJ assuma os casos de violência sexual dentro do campus. As estudantes também cobram que medidas sejam tomadas para apoiar psicologicamente as vítimas e punir com mais rigor os responsáveis. 

— A universidade é omissa, eles não assumem a cultura de estupro dentro da Rural. Outros casos já aconteceram e as meninas abandonam a universidade. Inclusive, no ano passado a Isadora [aluna da UFRRJ] se matou e o aluno continua estudando até hoje aqui — lembrou uma das organizadoras do protesto.

Segundo amigos, Isadora cometeu suicídio após sofrer violência sexual dentro do alojamento masculino da Universidade. O caso aconteceu em 2012 e, até hoje, ninguém foi punido.

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Casos de abuso sexual dentro da instituição não são novidades. O ato desta segunda acontece pouco mais de um ano depois de uma série de manifestações contra insegurança e violência sexual na Rural. Uma das organizadoras lembra que — Todas as coisas pedidas no manifesto deste ano, foram pedidas no manifesto do ano passado.

Estudantes cobram segurança dentro do campus Seropédica
Estudantes cobram segurança dentro do campus Seropédica Estudantes cobram segurança dentro do campus Seropédica

As estudantes destacam que casos de violência não ocorrem apenas dentro da instituição, mas também na cidade de Seropédica. O km 49 da BR-465, antiga estrada Rio-São Paulo, é o trecho onde concentra-se a maior parte de moradias universitárias e também onde os outros casos de violência acontecem .

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— O que motivou o ato foram os dois casos de estupros que ocorreram na semana passada. E ontem à noite [14] uma aluna foi agarrada voltando pra casa no arredores do Mutirão [km 49] — explicou uma das organizadoras, que prefere não ser identificada.

De acordo com os relatos dos estudantes em grupos da UFRRJ no Facebook, a menina foi agarrada e teve ainda o braço cortado pelo suspeito, que fugiu.

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Em nota, a Delegacia de Seropédica (48ª DP) informou que os casos de estupro estão sendo investigados.

Procurado, o Prefeito de Seropédica Anabal Barbosa disse estar "indignado" com os recentes casos de violência dentro e fora da Universidade. Em nota, informou que propôs "um encontro de trabalho com todos os responsáveis pela segurança pública da região, o Reitor da UFRRJ, Ricardo Berbara, e representantes do governador Luiz Fernando Pezão (PMDB) para tranquilizar os cerca de 18 mil alunos e funcionários da Rural".

Por telefone, a assessoria de comunicação da UFRRJ disse que as alunas que participam do ato desta segunda serão recebidas pelo reitor. A instituição, em nota publicada na última quinta-feira, disse que "acompanha com preocupação a continuidade dos registros de ocorrências de violências no campus. Ao mesmo tempo, prepara a adoção de providências a curto, médio e longo prazos, com vistas à construção de uma política institucional permanente de segurança".

Destacou ainda que a "grave situação de violência e insegurança vivenciada no campus não é um problema isolado e de fácil solução, uma vez que exige a adoção de um conjunto de medidas de políticas públicas, cujas decisões dependem de uma consistente articulação de esforços entre os atores do estado e da sociedade civil."

*Colaborou Jaqueline Suarez, estagiária do R7 Rio

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