Com ocupações de escolas e protestos, alunos revertem reorganização escolar em SP
Projeto foi anunciado em setembro e governo recuou após pressão dos estudantes
São Paulo|Do R7
Em setembro deste ano, o então secretário estadual da Educação, Herman Voorwald, divulgou o início de uma reforma para que as escolas estaduais de São Paulo passassem a ter ciclo único. A medida faria com que 754 unidades passassem a oferecer só os anos iniciais do ensino fundamental (1º ao 5º ano), finais (6º ao 9º) ou ensino médio. Com isso, mais de 300 mil alunos seriam transferidos e mais de 90 escolas, fechadas.
Pouco tempo após o anúncio do projeto, alunos das estaduais começaram a protestar contra a mudança e, no dia 9 de novembro, iniciaram uma onda de ocupações de escolas. A primeira a ser tomada pelos estudantes foi a EE Diadema, no ABC Paulista. De acordo com o projeto, a unidade deixaria de ter o Ensino Médio.
No dia seguinte à ocupação em Diadema, foi a vez da EE Fernão Dias Paes, em Pinheiros. Cerca de um mês depois, 205 escolas e duas diretorias de Ensino — Sorocaba e Santo André —, estavam ocupadas em todo o Estado. A Secretaria de Educação confirmava movimento em 196 unidades.
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Em dezembro, além das ocupações nas escolas, os estudantes começaram a tomar as ruas. Com cadeiras escolares, bloquearam diversas vias importantes na cidade e ganhavam, cada vez mais, apoio de outros setores da sociedade.
Alguns dias depois da intensificação dos atos, o governador Geraldo Alckmin (PSDB) anunciou, no dia 4 de dezembro, o adiamento por pelo menos um ano da reorganização escolaranunciada por sua gestão.
— Em respeito à mensagem dos estudantes e familiares e suas dúvidas decidirmos adiar a reorganização e rediscutir com todas as escolas, com a comunidade e principalmente os pais.
O recuo do governador ocorreu após detenções de manifestantes e registros de confronto de alunos com policiais militares; posicionamento do Ministério Público e decisões judiciais contrárias ao projeto; além de divulgação de pesquisa indicar a pior aprovação do governo Alckmin desde 2001.
Após o anúncio, alunos de colégios ocupados anunciaram o início da saída dos prédios. Em ao menos três escolas, os estudantes já decidiram pela desocupação. No entanto, muitas escolas ainda devem permanecer ocupadas.
Depois da suspensão da reforma, o secretário de Educação, Herman Voorwald, pediu para deixar o cargo.
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