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Defesa usa ligação telefônica e desqualifica testemunhas para provar inocência de Gil Rugai

Sentença de ex-seminarista acusado de matar pai e madrasta sai nesta sexta-feira

São Paulo|Alexadre Saconi e Vanessa Sulina, do R7

O advogado de Gil Rugai
O advogado de Gil Rugai

Foi com provas de ligações telefônicas e apresentando contradições nas falas de testemunhas que a defesa de Gil Rugai, representada pelos advogados Marcelo Feller e Thiago Anastácio, tentou provar ao júri que seu cliente é inocente. O julgamento do ex-seminarista acusado de matar seu pai, Luis Carlos Rugai, e sua madrasta, Alessandra de Fátima Troitino, entrou no quinto dia e a sentença deve sair ainda nesta sexta-feira (22).

Para rebater o fato de o promotor de Justiça, Rogério Zagallo, ter usado parte de seu tempo para falar sobre a personalidade do réu, o advogado de defesa, Marcelo Feller, começou sua exposição dizendo que a “defesa se baseia em provas e não em testemunhos”.

— Aqui, não ouvi nada sobre o crime, apenas sobre o Gil. Aqui, sapateiro virou perito e promotor virou psicólogo. Isso aqui não é teste de popularidade. Ninguém tem que decidir se quer ser amigo dele, mas se ele matou ou não.

Linha do tempo


Utilizando-se da projeção de um desenho de um relógio, Feller fez uma linha do tempo dos fatos para dizer aos jurados que Gil Rugai não estava na cena do crime no momento da morte do casal. Ele começou dizendo que o ex-seminarista saiu da casa de uma amiga, pegou um táxi na avenida Sumaré e foi até o shopping Frei Caneca na noite de 28 de março de 2004.

— Inclusive lá ele procurou uma amiga, mas não a encontrou. Ele contou que chegou a derrubar o telefone no chão e uma mulher o ajudou a pegar. Sua mãe, na época, suplicou na imprensa para que essa pessoa e o taxista aparecessem para serem ouvidos.


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Exibindo parte de ligações telefônicas feitas pelo vizinho de muro de Luis Carlos e Alessandra, Feller mostrou que a testemunha — um arquiteto já bastante idoso — ligou para um vigia da rua para avisar que havia ouvido a primeira sequencia de tiros. Segundo a prova, isso aconteceu às 21h45.

Ainda de acordo com a conta, ele ligou novamente para o mesmo vigia às 22h13, após ouvir mais disparos. O advogado também mostra que outra vizinha, chamada Gilda, ligou para a Polícia Militar às 22h14. Foi exibida uma ligação feita por Gil Rugai às 22h12 de seu escritório, nos Jardins, para uma amiga. A acusação afirma que o crime aconteceu às 21h30.

— Como alguém que ouviu tiros poderia demorar 44 minutos para chamar a polícia? Estariam esperando acabar de comer um misto quente para fazer isso? Aliás, se ele matou às 21h30, como a acusação diz, o vigia o viu saindo da casa 20 minutos depois do crime, como seria possível chegar ao escritório, jogar a arma do crime na caixa coletora, subir até o 11º andar do prédio, trocar de roupas, como a zeladora contou, e ligar para sua amiga?

Peritos

A defesa afirmou que um dos peritos que assinou a perícia sobre a marca deixada na porta pelo sapato do atirador foi investigado por venda de laudo e o outro foi preso pelo mesmo crime.

Além dessa testemunha, a defesa questionou aos jurados o conteúdo do depoimento do vigia Domingos Ramos de Oliveira, que afirmou ter visto Gil Rugai saindo da cena do crime.

— Primeiro, o Domingos disse que ouviu bombinhas, depois, ao outro vigia, ele disse que era barulho de janelas batendo. Depois disse que, com medo, se escondeu atrás de uma árvore. Quem faz isso depois de ouvir janelas baterem?

Piadas e bate-boca

Nos últimos 40 minutos da defesa, o advogado Thiago Anastácio fez diversas piadas com os jurados para quebrar o clima tenso. Após se recusar a cumprimentar a acusação, ele citou uma poesia de Chico Buarque para dizer que o tempo tem se mostrado importante no julgamento.

A acusação interveio diversas vezes na fala da defesa durante a reta final do julgamento. Em um dos momentos mais tensos, o promotor Zagallo pediu que Anastácio explicasse ao júri a diferença entre os barulhos de bombinhas e de tiros. Feller apontou que os jurados tinham inteligência o bastante para saber a diferença.

Zagallo insistiu na interrupção e gerou um bate-boca entre a defesa e a promotoria faltando menos de cinco minutos para o fim da exposição. O juiz do caso precisou intervir para acalmar os ânimos.

— [Zagallo] Não faz sentido esta intervenção, no finalzinho.

Após o fim da fala da defesa, a acusação disse que não iria voltar para fazer a réplica, deixando espaço para a votação final dos jurados a partir do horário previsto das 16h.

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