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Ex-mulher de acusado, irmã de Bianca Consoli deve depor no 2º dia do julgamento

Daiana deve ser uma das ouvidas nesta quarta-feira no Fórum da Barra Funda

São Paulo|Ana Claudia Barros e Fernando Mellis, do R7

Bianca Consoli foi encontrada morta em casa, em 2011. Ex-cunhado é acusado pelo crime
Bianca Consoli foi encontrada morta em casa, em 2011. Ex-cunhado é acusado pelo crime

Treze testemunhas devem depor no segundo dia de julgamento do caso Bianca Consoli, encontrada morta em casa em 2011, nesta quarta-feira (24), no Fórum Criminal da Barra Funda, zona oeste de São Paulo, a partir das 10 h. Um dos depoimentos mais aguardados será o de Daiana Consoli, irmã da vítima e ex-mulher do motoboy Sandro Dota, acusado pelo estupro e morte da jovem.

Além de Daiana, outras 12 pessoas devem ser ouvidas pela juíza Fernanda Afonso de Almeida. Dessas testemunhas, cinco foram arroladas pela acusação, oito pela defesa, e mais três convocadas pela própria juíza. A ordem dos depoimentos ainda será definida pela magistrada logo no início da sessão de hoje.

Nesta terça-feira (23), três testemunhas depuseram e o clima foi tenso durante a sessão de pouco mais de sete horas no Fórum da Barra Funda. Marta Consoli, mãe de Bianca, e o investigador Maurício Silva Vestyik, fizeram seus relatos pelo lado da acusação, enquanto a delegada Giselle Priscila Capelo depôs a pedido da defesa.

Uma quarta testemunha, protegida pela Justiça e amiga de Bianca, deveria ter sido ouvida, mas não compareceu. Segundo a mãe da vítima, a amiga da filha falou com ela por telefone e informou que não iria porque teria sido ameaçada por Sandro Dota após uma das audiências de instrução do processo. Para evitar o adiamento do júri, a acusação dispensou essa testemunha.


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Testemunhas reforçam acusações


Depois da definição do júri, formado por quatro homens e três mulheres, a mãe de Bianca Consoli, Marta Consoli, foi a primeira a falar. Ela afirmou que seus netos tinham medo do motoboy Sandro Dota. Segundo Marta, o filho de Daiane Consoli contou à família que o motoboy o sufocava com um travesseiro de "brincadeira".

— Falava que ele [Sandro] sufocava com o travesseiro, até ele [Danilo, o filho] espernear.


Em seu depoimento, a mãe de Bianca contou que Dota forçava os enteados a chamá-lo de pai e que passou a acreditar 100% que o acusado era culpado do crime, quando a calça do motoboy passou por perícia. Marta afirmou ainda que, depois do crime, soube que Dota assediava várias mulheres no bairro, além de sua filha Bianca.

A segunda a depor foi a delegada Gisele Priscila Capello Lelo. Ela era uma testemunha arrolada pela defesa de Sandro Dota e, como todas as partes concordaram, houve uma quebra da regra que determina que as testemunhas de acusação falem primeiro.

Gisele garantiu que o convencimento da autoria do crime veio com base nos depoimentos das testemunhas.

— Se eu tivesse terminado [o inquérito], eu indicaria Sandro, mesmo sem DNA.

Ela destacou que nos depoimentos foi dito que Sandro era o único a agir de forma estranha no dia do crime. Gisele afirmou ainda que o motoboy tinha comportamento agressivo e mulherengo. Os relatos de testemunhas, contou a delegada, mostraram que o acusado sempre dava em cima de outras mulheres.

O terceiro e último a falar nesta terça-feira foi o investigador de polícia Maurício Silva Vestyik. Ele relembrou durante o seu depoimento uma passagem em que a vítima afirmou que morreria tentando escapar de um possível estupro, tempos antes de ser assassinada.

O policial disse que, certa vez, reunida com os parentes enquanto assistia à televisão, Bianca viu uma notícia de um tio que havia estuprado a sobrinha. Ela teria comentado com esses familiares que morreria tentando escapar de uma situação como essa.

O advogado Ricardo Martins, responsável pela defesa de Sandro Dota, acusado pelo crime, perguntou ao investigador quantas pessoas foram consideradas suspeitas. Vestyik respondeu que um ex-namorado, André (que morreu em um acidente), a então namorada de André, um vizinho, o padrasto, o irmão e um amigo foram considerados.

Questionado se havia descartado todos, o policial disse que todos os suspeitos falaram onde estavam e que as informações foram confirmadas. Além disso, foram colhidas digitais de todos os suspeitos, sendo que Dota foi o único que não quis fornecer as impressões das palmas das mãos. O réu também se recusou a ceder o seu material genético para análise, embora os testes realizados em uma calça do acusado, segundo Vestyik, não deixem dúvidas.

— O sangue colhido na calça do Sandro é do mesmo tipo do que foi encontrado debaixo da unha da Bianca.

O crime

O corpo da universitária Bianca Consoli, 19 anos, foi achado pela mãe dela, caído próximo à porta de saída de casa, na zona leste de São Paulo, no dia 13 de setembro de 2011. Segundo a polícia, a jovem foi atacada quando havia acabado de tomar banho e se preparava para ir à academia.

Na cama, os investigadores encontraram a toalha usada pela jovem, ainda molhada. A garota teria reagido à presença do criminoso e começado uma luta escada abaixo. Foram localizadas mechas de cabelo pelos degraus.

Dentro da garganta da jovem, a polícia encontrou uma sacola plástica, usada pelo autor para asfixiar a estudante.

As investigações apontaram o motoboy Sandro Dota, cunhado da vítima, como o suposto autor do crime. Ele está preso desde o dia 12 de dezembro de 2011.

O motoboy nega as acusações e se diz inocente. Em julho do ano passado, ele foi para o Complexo Penitenciário de Tremembé, a 147 km de São Paulo. Dota alegou ter sofrido ameaças de morte no Centro de Detenção Provisória 3 de Pinheiros, na zona oeste da capital paulista, onde estava. Por este motivo, a Justiça teria determinado sua transferência.

Em agosto do ano passado, a acusação de estupro foi incluída no processo contra Sandro Dota. A defesa do réu, entretanto, nega o crime e diz que o laudo do legista é inconclusivo. Para a polícia, o crime teve motivação sexual.

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