Prefeitura vai transferir dependentes químicos para hotéis afastados da Cracolândia
Segundo secretária, pedido foi feito pelos próprios participantes do programa social
São Paulo|Fernando Mellis, do R7
Alguns dos dependentes químicos inscritos no programa De Braços Abertos, da Prefeitura de São Paulo, serão transferidos para hotéis afastados da Cracolândia nos próximos dias. Em entrevista ao R7, a secretária de Assistência e Desenvolvimento Social, Luciana Temer, disse que a mudança foi um pedido dessas pessoas.
— Tem pessoas que já querem sair de lá. Eu tenho sempre andado por lá, normalmente vou de manhã e converso com as pessoas, para sentir o que é preciso fazer. E aí, um sujeito chegou para mim e falou, “agora está na hora de eu sair daqui. É muito difícil para mim, o ‘fluxo’ [venda e consumo de drogas na região] está aí, eu quero sair daqui”.
Após ouvir diversos relatos como esse, a secretária afirma que está sendo construída uma proposta para disponibilizar vagas em hotéis mais distantes, como estímulo para quem realmente quer tentar deixar o vício. Atualmente, os cerca de 300 inscritos no programa ocupam hotéis alugados pela prefeitura na Cracolândia. Eles ainda recebem três refeições diárias. Em contrapartida, cada participante tem que trabalhar quatro horas diárias e cumprir outras duas horas de capacitação.
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Luciana diz que o programa começa a entrar na sua terceira fase. A primeira, segundo ela, foi a de criar vínculo com os usuários. Em seguida, o objetivo era tirá-los das ruas e oferecer emprego.
— Agora temos o fluxo da droga lá. Nosso desafio é buscar essas pessoas, que não vieram a nós nesse primeiro momento, mas continuam lá na região.
Agentes das secretarias de Saúde e assistentes sociais vão entrar no “fluxo”, oferecendo lanche e água aos usuários que ficam na rua, como forma de convencê-los a entrar no programa De Braços Abertos. A secretária diz que o resultado da ação deverá aparecer logo.
— Eu diria para você que no prazo de um mês a gente vai saber o que aconteceu com a nossa presença lá. Eu espero que em um mês, aquilo [uso de drogas a céu aberto] tenha terminado. Até porque, vamos imaginar que nem todas as pessoas queiram aderir à nossa proposta, mas a gente vai desarticulando aquele espaço. É muito desconfortável ficar em um espaço ocupado também pelo Estado.
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