Alguns dos dependentes químicos inscritos no programa De Braços Abertos, da Prefeitura de São Paulo, serão transferidos para hotéis afastados da Cracolândia nos próximos dias. Em entrevista ao R7, a secretária de Assistência e Desenvolvimento Social, Luciana Temer, disse que a mudança foi um pedido dessas pessoas.
— Tem pessoas que já querem sair de lá. Eu tenho sempre andado por lá, normalmente vou de manhã e converso com as pessoas, para sentir o que é preciso fazer. E aí, um sujeito chegou para mim e falou, “agora está na hora de eu sair daqui. É muito difícil para mim, o ‘fluxo’ [venda e consumo de drogas na região] está aí, eu quero sair daqui”.
Após ouvir diversos relatos como esse, a secretária afirma que está sendo construída uma proposta para disponibilizar vagas em hotéis mais distantes, como estímulo para quem realmente quer tentar deixar o vício. Atualmente, os cerca de 300 inscritos no programa ocupam hotéis alugados pela prefeitura na Cracolândia. Eles ainda recebem três refeições diárias. Em contrapartida, cada participante tem que trabalhar quatro horas diárias e cumprir outras duas horas de capacitação.
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Luciana diz que o programa começa a entrar na sua terceira fase. A primeira, segundo ela, foi a de criar vínculo com os usuários. Em seguida, o objetivo era tirá-los das ruas e oferecer emprego.
— Agora temos o fluxo da droga lá. Nosso desafio é buscar essas pessoas, que não vieram a nós nesse primeiro momento, mas continuam lá na região.
Agentes das secretarias de Saúde e assistentes sociais vão entrar no “fluxo”, oferecendo lanche e água aos usuários que ficam na rua, como forma de convencê-los a entrar no programa De Braços Abertos. A secretária diz que o resultado da ação deverá aparecer logo.
— Eu diria para você que no prazo de um mês a gente vai saber o que aconteceu com a nossa presença lá. Eu espero que em um mês, aquilo [uso de drogas a céu aberto] tenha terminado. Até porque, vamos imaginar que nem todas as pessoas queiram aderir à nossa proposta, mas a gente vai desarticulando aquele espaço. É muito desconfortável ficar em um espaço ocupado também pelo Estado.
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