Sabesp deverá tirar menos água do Sistema Cantareira
A partir de maio, empresa deve iniciar captação do chamado "volume morto" da represa
São Paulo|Do R7
A ANA (Agência Nacional de Águas) e o DAEE (Departamento de Água e Energia Elétrica) definem nesta quarta-feira (30), a nova vazão média de água que a Sabesp (Companhia de Saneamento Básico do Estado de São Paulo) poderá retirar do Sistema Cantareira no mês de maio, quando deve ter início a captação do chamado "volume morto" — reserva profunda — do manancial. A tendência é que os órgãos reduzam o volume de água para abastecimento da Grande São Paulo.
No início de abril, o comitê anticrise que monitora o Cantareira já havia recomendado à Sabesp um planejamento para operar com vazão média inferior aos atuais 27,9 mil litros por segundo. Na terça-feira (29), o nível do manancial chegou a 10,9% da capacidade. Esta foi a primeira vez na história que o índice fica abaixo de 11%. E o volume de água da represa caiu pelo 11º dia consecutivo e atingiu 10,7% nesta quarta-feira (30).
Na última vez que a ANA e o DAEE determinaram a redução da vazão, de 31 mil litros para 27,9 mil litros por segundo, em março, a Sabesp cortou em 15% o volume de água vendido no atacado para as cidades de São Caetano e Guarulhos, que decretou racionamento oficial.
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Nos últimos dias, contudo, a Sabesp já vem retirando menos água do Cantareira. Na terça-feira, a vazão foi de 25,1 mil litros por segundo. De acordo com o comitê anticrise, o "volume útil" de todo o sistema deve se esgotar em meados de julho, em plena Copa. Mas nas represas Jaguari/Jacareí, que representam 80% da capacidade do manancial, a situação é mais crítica.
Na terça-feira, os reservatórios que ficam na região de Bragança Paulista tinham apenas 3,2% da capacidade. Ali, a retirada do "volume morto" deve começar a partir de 15 de maio. Segundo o boletim diário da sala de situação das PCJ (Bacias dos Rios Piracicaba, Capivari e Jundiaí), onde ficam os reservatórios, não há previsão de chuva na região até domingo.
Multa
Nesta terça-feira, o Idec (Instituto Brasileiro de Defesa do Consumidor) informou ter enviado carta ao governador Geraldo Alckmin (PSDB) solicitando que a Sabesp não inicie a cobrança de multa de quem aumentar o consumo sem antes decretar o racionamento oficial de água, como explica o gerente do órgão, Carlos Thadeu de Oliveira.
— Pedimos que o governador volte atrás no que anunciou porque, no nosso entender, a legislação será violada se o mecanismo tarifário de contingência for adotado sem o racionamento.
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Oliveira não descarta acionar a Justiça caso a medida seja colocada em prática. A assessoria do governador informou que nenhuma carta chegou oficialmente. Alckmin pretende oficializar a multa em maio para que as cobranças sejam feitas já em junho. A Sabesp afirma que a medida não desrespeita a legislação. A Arsesp (Agência Reguladora de Saneamento e Energia do Estado de São Paulo), que precisa autorizar a prática, ainda analisa a medida.