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Sandro Dota havia “mexido com Bianca”, diz namorado de vítima durante julgamento

Bruno Barranco é a segunda testemunha a ser ouvida nesta quarta-feira

São Paulo|Ana Cláudia Barros, do R7

Sandro Dota (foto) teria "mexido com Bianca", segundo namorado da vítima na época do crime
Sandro Dota (foto) teria "mexido com Bianca", segundo namorado da vítima na época do crime

O namorado de Bianca Consoli na época em que a jovem foi assassinada, Bruno Barranco, é a segunda testemunha a prestar depoimento nesta quarta-feira (24) durante julgamento do caso. Ele começou a ser interrogado por volta das 11h40, no Fórum Criminal da Barra Funda, zona oeste de São Paulo.

Questionado pela juíza da 4ª Vara do Júri Fernanda Afonso de Almeida, Barranco confirmou que o réu havia “mexido com Bianca”. Segundo a testemunha, a abordagem do motoboy Sandro Dota teria acontecido na época em que a vítima estava com um ex-namorado.

O interrogatório de Barranco precisou ser interrompido após um bate-boca entre defesa e acusação. A confusão começou enquanto o promotor Nelson dos Santos Pereira Júnior apresentava documentos que comprovavam que a testemunha estava no trabalho no momento do crime.

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O advogado de Dota, Ricardo Martins, afirmou que o promotor estava induzindo a testemunha. Os ânimos se exaltaram e houve gritaria. Com isso, a juíza suspendeu a sessão por dez minutos.

Ao longo de quase duas horas, a defesa de Sandro Dota adotou como estratégia tentar apontar contradições entre os depoimentos de Bruno Barranco dados na fase de investigação do caso e à Justiça. Algumas perguntas , feitas a ele na época, foram novamente apresentadas pelo advogado Ricardo Martins. Em diferentes momentos, Barranco respondeu que não se recordava.


Um dos pontos explorados pelo defensor foi um documento, fornecido pela empresa onde a testemunha trabalhava na ocasião do crime, com os horários de registro de entrada e saída. Barranco informou que trabalhava das 9h às 18h, mas que poderia ficar mais tempo na empresa.

Posteriormente, Martins mostrou que o documento indicava que, no dia 12 de setembro de 2011, véspera da morte de Bianca, o horário de entrada registrado foi 18h46 e o de saída, pouco depois das 8h do dia seguinte. Ele teria entrado, mais uma vez, minutos depois, às 8h19 do mesmo dia. A testemunha falou que não se recordava. Advogado então, retrucou, dizendo que o rapaz havia respondido que não passava a noite no emprego. A juíza Fernanda Afonso de Almeida, então, disse que a afirmação de Barranco, na verdade, era que ele não trocava de turno.


O promotor Nelson dos Santos Pereira Júnior destacou que a comprovação de que o namorado de Bianca estava no trabalho não foi feita apenas com base no registro de ponto e das catracas e que foram fornecidas à polícia também imagens das câmeras de segurança do prédio, mostrando que o rapaz estava no local.

Segundo dia

O julgamento do motoboy Sandro Dota entrou em seu segundo dia nesta quarta-feira. Primeira testemunha a ser ouvida, a perita do IML (Instituto Médico Legal) Angélica de Almeida falou por cerca de uma hora. Durante a investigação do crime, Angélica foi responsável por elaborar o laudo necroscópico da vítima. Segundo a perita, os exames indicaram que houve luta corporal entre Bianca e o autor do crime e as lesões encontradas no corpo da jovem foram provocadas pouco antes de sua morte.

Nesta terça-feira (23), três testemunhas depuseram e o clima foi tenso durante a sessão de pouco mais de sete horas no Fórum da Barra Funda. Marta Consoli, mãe de Bianca, e o investigador Maurício Silva Vestyik fizeram seus relatos pelo lado da acusação, enquanto a delegada Giselle Priscila Capelo depôs a pedido da defesa.

Há expectativa também para o depoimento de Daiane Consoli, irmã da vítima e ex-mulher do réu. Ao todo, estavam previstas 17 testemunhas. Quatro foram dispensadas desde ontem. São elas: testemunha "beta" (uma amiga de Bianca, protegida pela Justiça), arrolada pela acusação; Carlos Prado e o investigador Almir Chagas dos Santos, escolhidos pelo juízo, e Danilo Ribeiro Consoli, de 12 anos, filho de Daiane.

O Conselho de Sentença é formado por quatro homens e três mulheres, que devem decidir o futuro de Dota até o final desta semana.

O crime

O corpo da universitária Bianca Consoli, 19 anos, foi achado pela mãe dela caído próximo à porta de saída de casa, na zona leste de São Paulo, no dia 13 de setembro de 2011. Segundo a polícia, a jovem foi atacada quando havia acabado de tomar banho e se preparava para ir à academia.

Na cama, os investigadores encontraram a toalha usada pela jovem, ainda molhada. A garota teria reagido à presença do criminoso e começado uma luta escada abaixo. Foram localizadas mechas de cabelo pelos degraus.

Dentro da garganta da jovem, a polícia encontrou uma sacola plástica, usada pelo autor para asfixiar a estudante.

As investigações apontaram o motoboy Sandro Dota, cunhado da vítima, como o suposto autor do crime. Ele está preso desde o dia 12 de dezembro de 2011.

O motoboy nega as acusações e se diz inocente. Em julho do ano passado, ele foi para o Complexo Penitenciário de Tremembé, a 147 km de São Paulo. Dota alegou ter sofrido ameaças de morte no Centro de Detenção Provisória 3 de Pinheiros, na zona oeste da capital paulista, onde estava. Por este motivo, a Justiça teria determinado sua transferência.

Em agosto do ano passado, a acusação de estupro foi incluída no processo contra Sandro Dota. A defesa do réu, entretanto, nega o crime e diz que o laudo do legista é inconclusivo. Para a polícia, o crime teve motivação sexual.

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