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São Paulo completa três meses em quarentena 'pela metade'

Desde que governo estadual decretou medida, em 24 de março, taxas de isolamento social da população paulista estiveram sempre próximas dos 50%

São Paulo|Gabriel Croquer* e Guilherme Padin, do R7

A cidade de Marília teve que restringir a quarentena após reabertura fracassada
A cidade de Marília teve que restringir a quarentena após reabertura fracassada A cidade de Marília teve que restringir a quarentena após reabertura fracassada

O Estado de São Paulo completa nesta quarta-feira (24) três meses desde o início da quarentena para combater a pandemia do novo coronavírus. A medida, decretada pelo governador João Doria no dia 24 de março, teve adesão de pouco mais da metade da população desde que foi instituída – os índices de isolamento social estiveram sempre próximos de 50%. Na terça-feira (23), o estado de São Paulo registrou 229.475 casos e 13.068 mortes.

Após dois meses de quarentena, o governo anunciou o Plano São Paulo, no dia 27 de maio, para a retomada gradual das atividades econômicas. O projeto separou o estado em 17 departamentos regionais e delineou cinco critérios relacionados ao sistema de saúde e à pandemia para determinar se normas de isolamento social seriam relaxadas ou não.

Nos dias seguintes, a reabertura no interior, classificado na fase 3 pela primeira atualização do plano, fracassou. Por outro lado, a capital paulista, a região metropolitana e a Baixada Santista chegaram e se mantiveram na fase 2 – de controle –, e agora têm como desafio manter os indicadores estáveis para poder progredir e reabrir restaurantes e bares

Mesmo após registrar 434 novas mortes nesta terça-feira (23), em novo recorde de óbitos, o governo estadual segue defendendo a validade de reabertura por considerar os cenários epidemiológicos diferentes por região para autorizar o afrouxamento da quarentena.

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A gestão Doria defende, ainda, que o aumento de mortes atual já era previsto nos modelos que definiram o Plano São Paulo.

Em três semanas, regiões paulistas regrediram de fase no Plano São Paulo
Em três semanas, regiões paulistas regrediram de fase no Plano São Paulo Em três semanas, regiões paulistas regrediram de fase no Plano São Paulo

Histórico

São Paulo teve seu primeiro caso confirmado da doença em 26 de fevereiro, quando um homem que veio da Itália testou positivo para o vírus. Um mês antes, entretanto, junto ao prefeito Bruno Covas, Doria já havia anunciado um comitê de crise do coronavírus para o caso de a doença chegar ao Estado. Dois dias depois da confirmação do caso nº 1, R$ 30 milhões eram investidos no combate à pandemia.

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Com o avanço do vírus nas duas semanas seguintes, o governador paulista anunciou, em 13 de março – quando São Paulo somava 56 casos e não tinha óbitos contabilizados – a suspensão das aulas nas escolas estaduais, além de recomendar o cancelamento dos eventos. A primeira morte foi confirmada quatro dias depois (17/03), e na semana seguinte, por decreto, todo o Estado entrou em estado de quarentena até o seguinte 7 de abril.

Pelo decreto, foram considerados essenciais – portanto, seguiriam funcionando – os serviços nos setores de saúde, abastecimento, segurança, limpeza e alimentação. Estes últimos, no entanto, apenas com delivery. Estabelecimentos como shoppings, igrejas, escolas, restaurantes e bares foram fechados.

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O Governo chegou a apresentar um plano de reabertura da economia em 22 de abril, mas o aumento expressivo de casos e mortes fez com que voltasse atrás e anunciasse seguidas prorrogações até o final de maio.

Nestes primeiros meses – e até agora –, foram os bairros de periferia da cidade de São Paulo que sofreram mais com a pandemia. Locais como Brasilândia, Sapopemba, Grajaú e Capão Redondo lideraram a lista de distritos com mais óbitos da capital paulista. Segundo o boletim epidemiológico da prefeitura paulistana, ao início de maio, o risco de morrer era dez vezes maior nas regiões com os piores indicadores de qualidade de vida, se comparadas às regiões mais privilegiadas.

No anúncio do Plano São Paulo, no dia 3 de junho, o governo do estado citou o aumento da capacidade do sistema de saúde para justificar a reabertura. Segundo a gestão Doria, o estado passou de 1071 leitos de UTI para 3622 desde o início da quarentena.

Na capital, o primeiro epicentro da pandemia no país, houve aumento de 128% nos leitos, de 356 para 1541. A cidade de São Paulo também construiu quatro hospitais de campanha para tratar os infectados pela covid-19. A gestão Covas ainda assinou acordos com hospitais privados para alugar os leitos ociosos da rede particular.

Pelo menos 2.700 respiradores já foram distribuídos pelo governo estadual no período. Porém, a compra de alguns lotes da China foram canceladas e são até investigadas pelo Ministério Público e pelo Tribunal de Contas do Estado. Além do país asiático, o governo comprou respiradores da Turquia e de fornecedores nacionais

Anúncio da reabertura por fases no final de maio

Em 27 de maio, dias após cogitar a possibilidade de decretar estado de lockdown em São Paulo, Doria foi na contramão de suas próprias falas e anunciou a retomada gradual das atividades no Estado, com cinco fases. À medida que os critérios indicassem uma situação de maior tranquilidade na pandemia, as cidades teriam a consequente progressão às fases seguintes.

A reabertura começou oficialmente em 1º de junho, com três macrorregiões paulistas na fase 1 (a mais crítica) e as restantes divididas entre as fases 2 e 3.

O plano, no entanto, não surtiu bons resultados: apenas a região metropolitana avançou à fase 2, enquanto todas as outras permaneceram ou regrediram de fases.

As regiões de Barretos e Presidente Prudente, por exemplo, começaram o Plano São Paulo na fase 3, e em três semanas regrediram à fase 1. Outras três regiões (Ribeirão Preto, Marília e Registro) também estão na fase mais crítica atualmente.

Próximos passos

A classificação de fases do Plano São Paulo é revista semanalmente. Para progredir de fase, porém, a região precisa manter seus indicadores estáveis por duas semanas.Na parte da saúde, a a gestão estadual considerará indicadores da taxa de ocupação de leitos de UTI (Unidade de Terapia Intensiva) e o número leitos de UTI por 100 mil habitantes.

Outros três são relacionados à evolução da epidemia: novos casos nos últimos sete dias, novas internações (por covid-19 ou síndrome respiratória aguda-grave nos últimos sete dias) e o número de óbitos por covid-19 nos últimos sete dias.

A análise destes critérios leva à qualificação da região em uma das cinco fases da pandemia, que vão da fase de "alerta máximo", com liberação apenas dos serviços essenciais, à do "normal controlado", que liberará todas as atividades com novas regras de funcionamento.

Atividades que poderão voltar a funcionar de acordo com fase da pandemia
Atividades que poderão voltar a funcionar de acordo com fase da pandemia Atividades que poderão voltar a funcionar de acordo com fase da pandemia

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