Com a escalada dos casos de ebola na África, o FDA, agência reguladora de medicamentos e alimentos dos Estados Unidos, autorizou, na quarta-feira (6), o uso de um exame desenvolvido pelo Pentágono para diagnosticar a contaminação. O novo teste será o meio mais rápido e confiável disponível para detectar o vírus, totalizando quatro horas desde a coleta do sangue até o diagnóstico, de acordo com o geneticista Eduardo Castan, cientista da Thermo Fisher Scientific, empresa que forneceu os reagentes e equipamentos utilizados no teste.
Segundo Castan, o exame utiliza a técnica conhecida como Reação em Cadeia da Polimerase (PCR, em inglês).
— O teste utiliza uma máquina de PCR em Tempo Real, que é um equipamento bastante comum e um kit já pronto com os reagentes. O novo teste é capaz de diagnosticar o Ebola mesmo quando o vírus está incubado, ou a carga viral é muito baixa.
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Uma pequena amostra de sangue do paciente é colocada em um tubo com os reagentes e a máquina, por sucessivas variações de temperatura, opera várias reações. No início, as células presentes no sangue têm suas membranas rompidas e as moléculas de DNA e RNA ficam expostas. A partir daí, são sintetizadas moléculas de DNA complementares ao RNA do vírus, quando ele está presente.
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Depois, entra em ação outro elemento do kit: cópias sintéticas de pequenos trechos do genoma do vírus - os "primers" -, que se ligam aos trechos complementares das moléculas de DNA sintetizadas.
— As enzimas presentes no kit, então, começam a copiar exponencialmente esse material. Em 40 minutos, temos alguns bilhões dessas moléculas idênticas a um trecho do genoma do vírus.
Um outro componente é então ativado: um agente fluorescente conhecido como sonda TaqMan.
— Quando a enzima que copia o RNA encontra o agente fluorescente, ele emite luz, que é detectada pela máquina. O resultado é um gráfico que nos mostra de forma inequívoca a presença do vírus.
Segundo a FDA, o teste foi aprovado em caráter emergencial e será usado só em comunidades sob risco de exposição ao vírus nas zonas endêmicas e em militares, equipes humanitários e de emergência.
O diagnóstico precoce do Ebola é considerado fundamental para impedir que a epidemia se alastre, pois possibilita o isolamento dos infectados. Mas a tarefa é difícil: os sintomas podem ser confundidos com os de gripe, malária, ou dengue hemorrágica. Além disso, podem levar três semanas para aparecer.