Sarcopenia: doença natural do envelhecimento leva à perda da massa muscular, força e mobilidade
Alimentação adequada e prática regular de exercícios físicos ajudam a minimizar os efeitos
Saúde|Marta Santos, do R7
A "idade" chega e chega para todos. Com ela, diversos problemas de saúde. Uma das doenças mais comuns entre idosos é a sarcopenia. Você já ouviu falar? O nome ainda não é muito conhecido, mas se trata de uma doença progressiva, natural do envelhecimento, que leva à perda da massa muscular, e é irreversível.
Com a diminuição dos músculos, o idoso também perde força e mobilidade, principalmente dos braços e pernas, dificultando muito a execução de tarefas do dia a dia. A doença começa a se manifestar por volta dos 40 anos, e pode fazer com que a pessoa perca de 1% a 2% da massa muscular por ano, explica Myrian Najas, nutricionista membro do núcleo de estudos da sarcopenia.
— É muito importante retardar essa perda, ou seja, ganhar músculos par envelhecer melhor. O cuidado da saúde óssea é amplamente explorado. No entanto, quando se fala de músculos, as têm dificuldade em associá-los à mobilidade. É importante tratar ossos e músculos como um conjunto que deve funcionar de maneira integrada em prol da mobilidade da pessoa.
A perda de massa também aumenta o risco de quedas, fraturas e hospitalização dos idosos. Além disso, quando menor a quantidade de músculos, mais propensa a pessoa estará a sentir dores, explica João Toniolo, geriatra e chefe do núcleo de estudos clínicos em sarcopenia da Unifesp (Universidade Federal de São Paulo).
— Estudos mostram que 40% das pessoas com mais de 65 anos têm sarcopenia, e esse número sobe para 60% aos 80 anos. Provavelmente, não há nenhum declínio funcional e estrutural mais drástico que o declínio da quantidade de massa muscular durante os anos de vida. No envelhecimento, os músculos são tão importantes, que até fazem outros órgãos funcionarem melhor.
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Toniolo afirma que muitas pessoas sequer percebem essa perda muscular.
— Apesar da perda de massa, as pessoas ganham gordura com o tempo. Então, às vezes, um paciente chega todo feliz no consultório, dizendo que tem o mesmo peso há 20 anos, mas, provavelmente, o que aconteceu foi que ela ganhou gordura e perdeu massa. O peso continua o mesmo, mas a constituição corporal não.
Myrian diz que é fundamental cuidar da saúde dos músculos e que o sedentarismo é um dos fatores que mais influenciam na perda de massa. Apesar inevitável, há maneiras para amenizar a perda. Segundo a especialista, a musculação é uma das melhores formas de ganhar massa magra e fortalecer a musculatura, mas o exercício tem que ser aliado a uma boa alimentação.
— Para perder gordura ou ganhar massa, 30% do esforço vem de exercício e 70% da alimentação. O idoso, por exemplo, tende a comer menos carne, porque a digestão é mais lenta, e acaba não conseguindo obter a quantidade de proteína que deve ser consumida diariamente. Além disso, a população no geral está apresentando um déficit de vitamina D e, sem ela, não se faz músculo também. Com a ajuda de um nutricionista, é preciso adaptar a alimentação e fazer uso de suplementos.
Os suplementos alimentares servem para complementar a alimentação e ajudar a consumir a quantidade diária recomendada de proteína (principalmente para idosos passam a consumir menos carne), aminoácidos, antioxidantes e vitaminas.
Para saber a porcentagem de massa muscular de um paciente de forma mais precisa, o médico pode solicitar um exame de composição corporal total, que determina a quantidade de massa óssea, corporal de gordura e massa magra do paciente.