Olhos vidrados no celular, trânsito nas ruas diariamente, poluição, ar seco, calor excessivo... Todas essas situações se tornaram parte do dia a dia de moradores de cidades grandes, que têm apresentado dores de cabeça cada vez mais frequentes. Qual a solução? Abandonar a rotina provavelmente não é a principal opção para essas pessoas.
Ao chegar em casa, nada mais justo que tomar um analgésico e descansar, não é mesmo? Segundo o jornal de saúde da Universidade de Oxford, Social Cognitive and Affective Neuroscience, cientistas americanos discordam dessa ideia. Uma pesquisa realizada pela Universidade de Toronto, no Canadá, concluiu que um dos medicamentos mais comuns contra dores de cabeça e febre, o Tylenol, pode causar graves consequências para o funcionamento do cérebro, afetando principalmente a habilidade de identificar erros e fazer decisões.
Uma reportagem divulgada em 2013 já tinha alertado para os riscos do paracetamol e do acetaminofeno — componentes do Tylenol — podem afetar o funcionamento do fígado, por isso o medicamento não é recomendado para curar a famosa ressaca.
A fama de matar aos poucos o fígado já é conhecida, mas as consequências no funcionamento do cérebro podem ser até imperceptíveis: mas o tempo pode fazer os sintomas piorarem.
Segundo a pesquisa, se alguém tomar um comprimido de Tylenol agora vai imediatamente começar a reagir com menos rapidez do que pessoas que não ingeriram o medicamento.
Para o estudo, foram analisadas 62 pessoas que participaram de um experimento onde metade delas tomou a dose recomendada do medicamento — de mil miligramas — e a outra metade ingerou placebos.
Depois disso, os participantes foram submetidos a um teste em que teriam que apertar um botão quando a letra "F" aparecesse na tela do computador, e não apertar o botão quando a letra "E" aparecesse. Esse teste basicamente identifica o quão rápido alguém consegue tomar decisões.
Como resultado, o grupo que tomou o Tylenol acabou apertando o botão para a letra "E" mais vezes que o outro grupo, além de deixar de apertá-lo quando a letra "F" aparecia. Segundo a equipe de cientistas, isso indica que o medicamento pode dificultar a tomada rápida de decisões.
A princípio a correlação feita foi entre o Tylenol e o aumento dos erros, mas há chances de o medicamento afetar mais potencialmente outras áreas do cérebro. Enquanto novas pesquisas não são feitas, os especialistas recomendam que o remédio não seja ingerido com tanta frequência.