Pazuello diz à PGR que Bolsonaro investigou compra da Covaxin
Segundo senador governista, secretário da Saúde não teria encontrado indícios de corrupção na compra da vacina indiana
Brasil|Gabriel Croquer, do R7, e Clébio Cavagnolle, da Record TV
O ex-ministro da Saúde Eduardo Pazuello afirmou à PGR (Procuradoria-Geral da República) que o presidente Jair Bolsonaro (sem partido) pediu investigação interna no ministério após tomar conhecimento de denúncia de superfaturamento e corrupção na compra da vacina indiana Covaxin contra a covid-19.
A informação foi lida pelo líder do governo Bolsonaro do Senado, Fernando Bezerra (MDB-PE), durante a sessão da CPI da Covid, que inquiriu o empresário Carlos Wizard nesta quarta-feira (30). O documento com manifestação de Pazuello foi enviado à PGR após senadores oposicionistas da CPI entrarem com notícia-crime contra o governo federal no STF (Supremo Tribunal Federal, devido às denúncias da Covaxin.
"General Pazuello determinou que o então Secretário Executivo Elcio Franco realizasse uma averiguação prévia sobre alegados indícios de irregularidades e ilicitudes, ele que foi responsável pela negociação, contratação e aquisição de todas as vacinas pelo Ministério da Saúde. Após a devida conferência, foi verificado que não existiam irregularidades contratuais", leu Bezerra.
No documento, obtido pela Record TV, Pazuello pede ainda para que o Procurador-Geral da República, Augusto Aras, investigue os senadores que protocolara a notícia-crime contra Bolsonaro, por abuso de autoridade.
O suposto esquema da Covaxin foi revelado após denúncia do servidor do Ministério da Saúde Ricardo Miranda, que foi reiterado pelo seu irmão, o deputado federal Luis Miranda (DEM-DF).
Em resposta, o ministro-chefe da Secretaria-Geral, Onyx Lorenzoni, e assessor especial da Casa Civil Elcio Franco convocaram pronunciamento, onde acusaram os irmãos de forjar os documentos.
Em depoimento à CPI da Covid, o deputado e o servidor rebateram a acusação e mostraram as notas fiscais que poderiam provar a denúncia. Os senadores governistas afirmaram então que os documentos foram corrigidos logo depois dos primeiros erros.
Agora, a versão do líder do governo, Fernando Bezerra, foi de que Bolsonaro foi alertado pelos irmãos Miranda no dia 20 de março, e que teria pedido investigação interna do caso. O presidente, porém, já negou durante uma live que tenha sido informado pelo deputado de problemas no contrato.
Junto a outros integrantes do governo, Bolsonaro também nega as denúncias e afirma que a gestão ainda não "pagou um centavo" pelas doses da Covaxin.
Nesta terça-feira (29), o ministro da Saúde, Marcelo Queiroga, suspendeu o contrato pelo imunizante, seguindo parecer da CGU (Controladoria Geral da União). "Diante da denúncia, em questão da transparência e boa gestão, o governo suspendeu para averiguações", afirmou o ministro.