Por dia, ao menos 11 mulheres foram vítimas de algum tipo de violência no Brasil em 2024. No ano passado, foram 4.181 casos, como feminicídios, agressões e assédios, segundo dados da Rede de Observatórios da Segurança, divulgados nesta quinta-feira (13). O índice representa, ainda, um aumento de 12,4% em relação a 2023.Dos nove estados analisados pelo instituto, sete registraram aumento das estatísticas de violência contra a mulher em comparação a 2023: Ceará, Maranhão, Pará, Piauí, Rio de Janeiro e São Paulo. Apenas a Bahia e Pernambuco tiveram queda. O Amazonas, analisado em 2024, não fazia parte do monitoramento há dois anos.As tentativas de feminicídio e agressões físicas se destacaram entre os casos de violência, totalizando 1.454 ocorrências. Os dados apontam para 531 vítimas de feminicídio, o que representa uma mulher morta em razão do gênero a cada 17 horas.“Do total de casos de feminicídio registrados, 75,3% dos autores são pessoas da família da vítima. Se consideramos somente cônjuges, ex-cônjuges, namorados e ex-namorados, estes totalizam 70% da autoria”, informou o relatório.Além disso, os crimes de violência sexual e estupro tiveram um aumento de 70,5%. No documento, o instituto pontua que a falta de treinamento dos profissionais da segurança pública e saúde pode favorecer a subnotificação dos casos.“Muitas vezes, os casos de feminicídio são encobertos como suicídio, acidente ou morte natural, o que dificulta a contabilização precisa desse crime”, aponta o relatório.Em casos assim, o observatório destaca, ainda, o papel do protocolo latino-americano no sentido de analisar o contexto social, histórico e relacional da vítima, o que contribui para uma investigação mais completa e eficaz, “permitindo identificar os casos de feminicídio que, à primeira vista, podem parecer outras modalidades de morte”.Segundo o levantamento, São Paulo teve o maior número de casos de violência contra mulheres, com 1.177 registros. Além disso, o estado foi responsável por 27,1% do total de feminicídios monitorados nos nove estados. Hoje, segundo o Fórum Brasileiro de Segurança Pública, a cada cinco minutos uma ameaça contra uma mulher é registrada em São Paulo.Um recente caso que chocou o estado foi noticiado pela RECORD. Paloma Stefani de Souza Franca, de 28 anos, foi morta a facadas pelo marido na frente das filhas de 6 e 8 anos. Após 10 anos com o homem, Paloma decidiu se separar devido ao comportamento agressivo dele. Mesmo com uma medida protetiva, ela foi agredida diversas vezes e, quando tentou fugir, foi assassinada.O caso ilustra uma das principais estatísticas da Rede de Observatório de Segurança: parceiros e ex-parceiros foram responsáveis por 86,2% dos feminicídios no ano passado nos estados monitorados pela instituição.Em casos de emergência, é recomendado acionar a Polícia Militar por meio do número 190.A Central de Atendimento à Mulher registra denúncias por meio do Ligue 180 e as encaminha aos órgãos competentes. O serviço também oferece orientações, apoio psicológico e informações sobre direitos e leis. A ligação é gratuita, e o serviço funciona todos os dias da semana, 24 horas por dia.Além disso, é possível realizar denúncias presencialmente nas Delegacias Especiais de Atendimento à Mulher, que funcionam 24 horas por dia, todos os dias.