Promotora do caso Marielle foi monitorada por sistema paralelo da Abin
Controladoria-Geral da União (CGU) identificou no servidor a impressão resumida do currículo da promotora Simone Sibilio
Brasília|Laísa Lopes e Gabriela Coelho, do R7, em Brasília
A promotora de Justiça do Rio de Janeiro Simone Sibilio, responsável por investigar a morte da vereadora Marielle Franco e do motorista Anderson Gomes, foi monitorada pelo sistema paralelo da Agência Brasileira de Inteligência (Abin). A informação consta na decisão do ministro do Supremo Tribunal Federal (STF) Alexandre de Moraes, que autorizou a operação da Polícia Federal contra o ex-diretor-geral da Abin e atual deputado federal Alexandre Ramagem (PL-RJ). A ação foi deflagrada nesta quinta-feira (25). Ramagem é investigado por suposto uso ilegal de uma ferramenta de espionagem em sistemas da agência.
A decisão de Moraes aponta que a Controladoria-Geral da União (CGU) identificou no servidor a impressão resumida do currículo da promotora do caso. O documento apresentava a mesma ausência de identidade visual nos apócrifos da estrutura paralela.
A CGU entendeu que “esses eventos dão a conhecer a existência do que a representação denomina de uma Abin paralela, utilizada para colher dados sensíveis sobre autoridades e agentes políticos relevantes. Além desses casos, é dado supor que outros mais possam ser desvalados mediante pequisas em lugares e sobre instrumentos utilizados pelos componentes do grupo sob investigação”.
Buscas nesta quinta-feira
A operação da Polícia Federal desta quinta-feira (25) fez buscas em endereços no Distrito Federal, Minas Gerais e Rio de Janeiro, entre eles o gabinete do deputado federal Alexandre Ramagem. A RECORD e o R7 procuraram a assessoria de Ramagem, que disse que não se posicionaria no momento.
A Polícia Federal também suspendeu sete policiais federais do exercício das funções públicas. As ações desta quinta (25) fazem parte das investigações da Operação Última Milha, deflagrada em outubro de 2023.
A apuração mostrou que os investigados criaram uma estrutura paralela dentro da agência. "[O grupo] utilizou ferramentas e serviços daquela agência de inteligência do Estado para ações ilícitas, produzindo informações para uso político e midiático, para a obtenção de proveitos pessoais e até mesmo para interferir em investigações da Polícia Federal", explicou a PF.