Auditores fiscais anunciam ação contra ex-advogada de Flávio Bolsonaro
Declarações de Juliana Bierrenbach foram classificadas como ‘extremamente graves’, diz associação de servidores da Receita
Brasília|Jéssica Gotlib, do R7, em Brasília
A Unafisco (Associação Nacional dos Auditores Fiscais da Receita Federal do Brasil) divulgou, nesta quinta-feira (18), nota em que anuncia a tomada de “todas as medidas legais, civil e criminalmente” cabíveis contra Juliana Bierrenbach, ex-advogada do senador Flávio Bolsonaro (PL-RJ). Em gravações, cujo sigilo foi retirado na última segunda-feira (15), Bierrenbach teria acusado os servidores do órgão de investigar ilegalmente o político apenas por ser um suposto desafeto.
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O texto classifica as declarações como “extremamente graves e potencialmente danosas à reputação dos auditores fiscais e da instituição”. A nota explica ainda que advogada já havia deixado o caso e, portanto, não estava mais protegida pela imunidade profissional concedida pela OAB (Ordem dos Advogados do Brasil). Ainda no documento, a instituição informa que ela “terá a oportunidade de se retratar ou poderá ser responsabilizada civil e criminalmente”.
O R7 tenta contato com Juliana Bierrenbach. O espaço segue aberto para manifestações.
Investigação sobre uso irregular da Abin
A gravação faz parte do inquérito do STF (Supremo Tribunal Federal) sobre o suposto uso irregular da Abin (Agência Brasileira de Inteligência) durante a gestão do ex-presidente Jair Bolsonaro (PL). A ação é relatada pelo ministro Alexandre de Moraes, que tornou público o conteúdo das gravações feitas em 2020 por assessores de Bolsonaro.
Na ocasião, discutiam-se formas de barrar outra investigação, sobre supostos desvios de parte dos salários dos funcionários do gabinete de Flávio Bolsonaro na Alerj (Assembleia Legislativa do Rio de Janeiro) enquanto ele era deputado estadual.
Em nota, Flávio Bolsonaro negou qualquer irregularidade por parte das advogadas dele. “Mais uma vez, a montanha pariu um rato. O áudio mostra apenas minhas advogadas comunicando as suspeitas de que um grupo agia com interesses políticos dentro da Receita Federal e com objetivo de prejudicar a mim e a minha família. A partir dessas suspeitas, tomamos as medidas legais cabíveis. O próprio presidente Bolsonaro fala na gravação que não ‘tem jeitinho’ e diz que tudo deve ser apurado dentro da lei. E assim foi feito. É importante destacar que até hoje não obtive resposta da justiça quanto ao grupo que acessou meus dados sigilosos ilegalmente.”