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Bolsonaro orienta Eduardo a esquecer críticas a Gilmar Mendes e diz falar com ministros

Nessa quarta-feira, a polícia federal indiciou o ex-presidente e o parlamentar por tentar atrapalhar ação penal do golpe

Brasília|Rafaela Soares, do R7, em Brasília

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LEIA AQUI O RESUMO DA NOTÍCIA

  • Bolsonaro aconselha Eduardo a ignorar críticas a Gilmar Mendes.
  • Presidente menciona que se comunica com ministros.
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PF encontrou mensagens entre Jair Bolsonaro e Eduardo no celular do ex-presidente Reprodução/Redes Sociais/Instagram/@bolsonarosp/26/12/2024

A Polícia Federal descobriu, no âmbito do inquérito que apura uma suposta tentativa de interferência na ação penal do golpe, mensagens em que o ex-presidente Jair Bolsonaro orienta o filho, o deputado federal Eduardo Bolsonaro (PL-SP), a esquecer as críticas ao ministro do STF (Supremo Tribunal Federal) Gilmar Mendes. No diálogo, Bolsonaro também afirma que “tem conversado com alguns” ministros da Corte.

“Todos ou quase todos [os ministros] demonstram preocupação com sanções”, disse o ex-presidente. Bolsonaro se referia às sanções impostas pelos EUA contra Alexandre de Moraes, por meio da Lei Magnitsky. Além disso, ministros e familiares tiveram vistos cancelados.


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A conversa ocorreu em 27 de junho e começou com o envio de três imagens, que não foram recuperadas pelos investigadores. Eduardo perguntou ao pai se poderia compartilhar o conteúdo, mas Bolsonaro respondeu negativamente.

Conversa entre Bolsonaro e Eduardo obtida pela PF Divulgação/PF - 21.8.2025

Já em 7 de julho, após postagens do presidente americano Donald Trump, Eduardo entrou em contato com o pai, em aparente resposta a uma tentativa de contato de Bolsonaro. “Imagino o que seja”, afirmou.


O parlamentar disse ainda que já havia traduzido a declaração de Trump e que trabalharia “na imagem”. Segundo a PF, Trump publicou uma mensagem defendendo Bolsonaro, alegando que o ex-presidente brasileiro estava sendo perseguido injustamente.

O republicano afirmou que Bolsonaro era inocente, elogiou sua liderança e amor pelo país e comparou a situação a uma “caça às bruxas” semelhante à que diz ter sofrido nos EUA.


No mesmo dia, Eduardo reforçou que o apoio obtido nos EUA foi conquistado “a duras penas” por ele e terceiros.

Conversa entre Bolsonaro e Eduardo obtida pela PF Reprodução/PF - 20.8.2025

“Ora, corrobora-se a atuação de Eduardo Bolsonaro nos Estados Unidos para aplicação de sanções ao país e a figuras públicas no Brasil, especialmente a integrantes do Poder Judiciário que atuam nas ações penais sobre a tentativa de golpe de Estado e a abolição violenta do Estado Democrático de Direito”, afirma o relatório da PF.


Taxação

Em 9 de julho, quando Trump anunciou tarifas de 50% sobre produtos brasileiros importados, Eduardo enviou ao pai o rascunho de uma nota sobre o tema. No dia seguinte, pai e filho se falaram duas vezes por videochamada.

Após a segunda ligação, Eduardo advertiu Bolsonaro sobre a necessidade de publicar nas redes sociais um agradecimento a Trump, como forma de reconhecimento pelas medidas aplicadas contra o Brasil. Ele reforçou que isso faria parte da estratégia de pressão contra as autoridades brasileiras.

“O cara mais poderoso do mundo está a seu favor. Fizemos a nossa parte”, escreveu Eduardo.

Conversa entre Bolsonaro e Eduardo obtida pela PF Reprodução/PF - 20.8.2025

Receio

Na sequência, Eduardo voltou a criticar o pai e demonstrou receio de que o governo dos EUA perdesse o interesse pelo Brasil, o que enfraqueceria a “empreitada criminosa” dos investigados, segundo a PF.

“Você não vai ter tempo de reverter se o cara daqui virar as costas para você. [...] Na situação de hoje, você nem precisa se preocupar com cadeia, você não será preso. Mas tenho receio de que, por aqui, as coisas mudem. Mesmo dentro da Casa Branca tem gente falando para o 01: ‘ok, Brasil já foi. Vamos para a próxima’”, afirmou.

Entenda o caso

A PF decidiu indiciar Jair Bolsonaro e Eduardo Bolsonaro por tentativa de interferir na ação penal em que o ex-presidente é réu por tentativa de golpe de Estado.

No relatório final, os investigadores apontaram indícios de crimes de coação no curso do processo (art. 344 do Código Penal) e abolição violenta do Estado Democrático de Direito (art. 359-L).

O documento foi enviado ao ministro Alexandre de Moraes, do STF, e à Procuradoria-Geral da República (PGR).

Segundo a PF, Eduardo buscou autoridades dos EUA para tentar impor sanções a ministros do STF, membros da PGR e da Polícia Federal, para interferir na ação penal e garantir impunidade ao pai. Ele também teria usado redes sociais em inglês para atingir o público internacional e coordenado a divulgação de narrativas favoráveis aos investigados.

Ainda de acordo com o relatório, Eduardo recebeu R$ 2 milhões de Bolsonaro e realizou operações de câmbio e transferências para ocultar a origem do dinheiro.

Acusações contra Jair Bolsonaro

A PF afirma que o ex-presidente financiou e corroborou as ações do filho. Ele teria descumprido medidas cautelares, mantido comunicação coordenada com aliados para coagir autoridades e até planejado fuga do país.

As investigações também apontam movimentações financeiras atípicas para financiar atividades ilícitas.

“O conjunto de elementos probatórios arrecadados indica que o ex-presidente Jair Bolsonaro atuou deliberadamente, de forma livre e consciente, desde o início de 2025 e, com maior ênfase, nos meses de maio, junho e julho de 2025 — quando se intensificaram as ações de Eduardo Bolsonaro no exterior — com a finalidade de se desfazer dos recursos financeiros que tinha em sua posse imediata, bem como evitar possíveis medidas judiciais que limitassem ou impedissem a consumação do intento criminoso”, escreveu a PF.

Defesas

Nas redes sociais, Eduardo disse que lhe “causa espanto” ser apontado como participante de crime sem que a PF identifique os autores.

Em nota publicada no X (antigo Twitter), classificou a acusação como “delirante” e questionou por que autoridades americanas não foram incluídas:

“Se a tese da PF é de que haveria intenção de influenciar políticas de governo, o poder de decisão não estava em minhas mãos, mas em autoridades americanas, como o presidente Donald Trump, o senador Marco Rubio ou o Secretário do Tesouro Scott Bessent. Por que, então, a PF não os incluiu como autores? Omissão? Falta de coragem?”, escreveu.

Perguntas e respostas

Qual foi a orientação de Jair Bolsonaro a Eduardo Bolsonaro em relação a Gilmar Mendes?

Jair Bolsonaro orientou seu filho, Eduardo Bolsonaro, a esquecer as críticas ao ministro do STF, Gilmar Mendes. Essa orientação foi dada em uma conversa onde Bolsonaro também mencionou que tinha conversado com alguns ministros da Corte.

O que a Polícia Federal descobriu sobre as comunicações entre Jair e Eduardo Bolsonaro?

A Polícia Federal encontrou mensagens que indicam uma tentativa de interferência na ação penal relacionada ao golpe. Jair Bolsonaro se referiu a preocupações de ministros sobre sanções impostas pelos EUA contra Alexandre de Moraes, e Eduardo Bolsonaro buscou apoio nos EUA para tentar impor sanções a autoridades brasileiras.

O que foi discutido entre Jair e Eduardo Bolsonaro em relação a Donald Trump?

Eduardo Bolsonaro mencionou que havia traduzido uma declaração de Donald Trump e que trabalharia na imagem do pai. Trump havia publicado uma mensagem defendendo Jair Bolsonaro, alegando que ele estava sendo perseguido injustamente.

Quais foram as ações de Eduardo Bolsonaro em relação às autoridades dos EUA?

Eduardo buscou autoridades dos EUA para tentar impor sanções a ministros do STF e membros da PGR, além de usar redes sociais em inglês para atingir o público internacional e divulgar narrativas favoráveis aos investigados.

Quais foram as consequências das investigações da Polícia Federal?

A Polícia Federal decidiu indiciar Jair e Eduardo Bolsonaro por tentativa de interferir na ação penal em que Jair é réu por tentativa de golpe de Estado. O relatório apontou indícios de crimes de coação e abolição violenta do Estado Democrático de Direito.

Como Eduardo Bolsonaro reagiu às acusações da Polícia Federal?

Eduardo Bolsonaro expressou espanto por ser apontado como participante de crime sem que a PF identificasse os autores. Ele classificou as acusações como delirantes e questionou a omissão de autoridades americanas no relatório da PF.

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