Brasil recebe certificado pela eliminação da elefantíase como problema de saúde público
Entrega foi feita para a Ministra da Saúde, Nísia Trindade, na manhã desta segunda-feira
Brasília|Edis Henrique Peres, do R7, em Brasília
O Brasil recebeu na manhã desta segunda-feira (11) certificado pela eliminação como problema de saúde pública da filariose linfática, conhecida como elefantíase. A homenagem foi entregue à ministra da Saúde, Nísia Trindade, pelo diretor da Opas/OMS (Organização Pan-Americana da Saúde/Organização Mundial de Saúde), Jarbas Barbosa. Essa é a primeira doença determinada socialmente eliminada pelo Brasil.
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Em discurso, Nísia agradeceu o trabalho dos profissionais de saúde e destacou a importância de erradicar as chamadas doenças da pobreza. “A eliminação é uma medida importante porque essas doenças não só refletem a desigualdade social, como causa, mas também reforçam as condições de pobreza e desigualdade”, disse.
A ministra dedicou o reconhecimento às pessoas com filariose linfática. “Dedicar às pessoas afetadas pela filariose linfática, que são pessoas com quem temos uma dívida de cuidar, de não permitir que as doenças da pobreza, que na verdade são doenças da falta de cuidado e omissão, nunca mais venham a acontecer no nosso território”, afirmou.
Em setembro, a OMS já havia anunciado a eliminação da doença, no entanto, a entrega oficial do documento foi feita nesta segunda. A elefantíase é considerada uma das maiores causas mundiais de incapacidade permanente, e afeta, principalmente, populações vulneráveis. O Brasil é o 20º país a receber a certificação pela eliminação da doença e o 53º a ficar livre de uma doença tropical negligenciada.
O diretor-geral da OMS, Tedros Adhanom, ressaltou que esta é uma conquista importante e que exige compromisso. “Parabenizo o Brasil pelo esforço para livrar seu povo do flagelo dessa doença dolorosa, deformadora, incapacitante e estigmatizante. Esse é outro exemplo do incrível progresso que temos alcançado contra as doenças tropicais negligenciadas. E dá esperança de que é possível eliminar essa doença em muitas outras nações que ainda enfrentam a filariose linfática”, disse.
Sobre a doença
A elefantíase é causada pelo verme nematoide Wuchereria Bancrofti e é transmitida pela picada do pernilongo. Essa é uma doença relacionada à falta de saneamento, que ocasiona maior risco de adoecimento entre populações desassistidas. A doença também está vinculada a perda da força de trabalho, além da estigmatização e discriminação sofrida pelos pacientes.
Ainda no ano passado, em novembro, a secretária de Vigilância em Saúde e Ambiente (SVSA), Ethel Maciel, entregou à Opas um dossiê para certificar a eliminação da doença no Brasil, durante a 17ª Mostra Nacional de Experiências Bem-Sucedidas em Epidemiologia, Prevenção e Controle de Doenças.
“Muitas pessoas ainda convivem com essa doença no mundo, mas, felizmente, acabamos de receber essa notícia importante para a saúde da população brasileira. Desde 2023, estamos intensificando o nosso compromisso para a eliminação das doenças determinadas socialmente, e a filariose linfática foi a primeira que conseguimos”, afirmou na ocasião.
Brasil Saudável
O programa é um desdobramento das ações do Comitê Interministerial para a Eliminação da Tuberculose e de Outras Doenças Determinadas Socialmente, criado em 2023 e lançado em fevereiro deste ano pelo governo federal. O Brasil Saudável reúne 14 ministérios e quatro parceiros estratégicos para promover ações que, além da saúde, passam por moradia, renda, acesso ao saneamento básico, educação, entre outras políticas públicas.
A meta do programa é eliminar como problema de saúde pública no Brasil, até 2030, 11 doenças e 5 infecções de transmissão vertical que, apesar de suas especificidades, têm em comum uma forte influência dos determinantes sociais. São elas: tuberculose, hanseníase, HIV/aids, malária, hepatites virais, tracoma, oncocercose, doença de Chagas, esquistossomose, geo-helmintíases, filariose linfática, sífilis, hepatite B, doença de Chagas, HIV e HTLV.