Brasil vive 'gosto amargo' dos juros, mas economia crescerá, diz Guedes
Ministro afirma que país será um dos primeiros a derrubar alta de preços, pelas ações do Banco Central; taxa está em 11,75% ao ano
Brasília|Bruna Lima, do R7, em Brasília
O ministro da Economia, Paulo Guedes, afirmou nesta quinta-feira (24) que o Brasil experimenta "gosto amargo" com o aumento dos juros para combater a inflação, mas que a medida é temporária e permitirá ao país que seja um dos primeiros a derrubar a alta dos preços.
"Temporariamente, como estamos combatendo a inflação, estamos experimentando esse gosto amargo desse tipo de política de aperto monetário. Os bancos centrais dormiram ao volante, o nosso acordou primeiro", disse Guedes, durante participação no congresso da Abrainc (Associação Brasileira de Incorporadoras Imobiliárias).
Guedes se referiu ao fato de o Banco Central ter subido os juros básicos da economia como medida para conter a inflação. Atualmente, a taxa está em 11,75% ao ano. Ao mesmo tempo em que aposta em uma melhora mais rápida do cenário brasileiro, o ministro considera que a alta inflacionária mundial "veio com força e não veio para ir embora rápido".
Mesmo em meio à alta de juros, o ministro enxerga que o Brasil já vive um crescimento sustentável. A análise leva em conta a previsão de aumento, ainda que pequeno, na atividade econômica brasileira. Para ele, se o país crescer 1% com juros reais, "isso quer dizer que já tem um crescimento sustentável de 2,5% ou 3%". "No pior momento, que tem que dar choque de juros, esse crescimento vira 1%", disse.
Além de considerar o crescimento sustentável, Guedes voltou a ressaltar que o governo federal conseguiu zerar o déficit primário das contas públicas em 15 meses e em meio à pandemia. "O Brasil está pronto para avançar", disse.
Redução do IPI
Durante a participação no congresso, Guedes afirmou que o IPI (Imposto sobre Produtos Industrializados) sofrerá um novo corte. No fim de fevereiro, o governo federal reduziu o tributo em 25%. A ideia é ampliar essa diminuição para 33%. "Vamos reindustrializar o país", justificou, completando que ações de redução de impostos não ocorrem há quatro décadas. "E nós estamos baixando."
O governo federal defende a ideia de que a redução do tributo auxilia a aumentar a produtividade, a diminuir a assimetria tributária intersetorial e a ter mais eficiência na utilização dos recursos produtivos, de maneira a fomentar a economia.
A redução é vista pelos secretários de Fazenda estaduais como equivocada. "A redução do IPI em passado recente não mostrou resultado satisfatório para incentivar a indústria, e não há aumento estrutural da arrecadação que justifique a redução de receitas", alegou o Comsefaz (Comitê Nacional de Secretários da Fazenda), completando que a iniciativa "concorre também para o desequilíbrio fiscal de estados e municípios".