Bruno e Dom: Justiça decreta prisão temporária do terceiro suspeito
Juíza estabeleceu que Jeferson da Silva Lima deve ficar preso por 30 dias; delegado diz que número de envolvidos ainda é indefinido
Brasília|Emerson Fonseca Fraga, do R7, em Brasília
A Justiça Estadual do Amazonas decretou, na tarde deste sábado (18), a prisão temporária de Jeferson da Silva Lima, conhecido como "Pelado da Dinha", o terceiro suspeito de envolvimento na morte do jornalista britânico Dom Phillips e do indigenista brasileiro Bruno Pereira.
De acordo com a Polícia Federal, que coordena a força-tarefa montada para elucidar o crime, Lima se entregou na Delegacia de Polícia de Atalaia do Norte. Ele teve a prisão temporária decretada em audiência de custódia pela juíza Jacinta Silva dos Santos.
"A prisão temporária será de 30 dias, prorrogáveis por mais 30. A audiência de custódia foi realizada de forma híbrida — a juíza, o investigado e o promotor de Justiça Elanderson Lima Duarte participaram presencialmente, no Fórum de Atalaia do Norte, com a defensora pública Jéssica Cristina Melo Matos, que assistiu o investigado, participando por videoconferência", informou o TJAM (Tribunal de Justiça do Estado do Amazonas), em nota.
De acordo com a corte, "a audiência de custódia começou por volta das 13h, no horário do município (15h no horário de Brasília), e terminou uma hora e 20 minutos depois, às 14h20".
Amarildo dos Santos, mais conhecido como "Pelado", e seu irmão, Osoney da Costa, já haviam tido a prisão temporária decretada. Amarildo teria confessado à polícia que matou o indigenista e o jornalista, esquartejou os corpos e ateou fogo neles com a ajuda do irmão. Ele indicou o local onde os cadáveres tinham sido enterrados.
O delegado da Polícia Civil Alex Perez Timóteo informou ao R7 que a polícia ainda trabalha com um número indefinido de possíveis envolvidos na etapa de ocultação dos corpos. "É certo que há outras pessoas envolvidas. Só falta identificar quantas", disse.
Perícia feita pela Polícia Federal nos restos mortais encontrados na região confirmou que parte do material era do jornalista e outra parte do indigenista. A polícia ainda faz testes no Instituto Nacional de Criminalística, em Brasília, para descobrir as circunstâncias dos crimes (veja vídeo abaixo).
Phillips e Pereira desapareceram na região do Vale do Javari, no Amazonas, no último dia 5. Eles partiram rumo à cidade de Atalaia do Norte, mas não chegaram ao destino. O jornalista e o indigenista, que era servidor licenciado da Funai, pretendiam realizar entrevistas para a produção de um livro e reportagens sobre invasões de terras indígenas na região.
Região de conflitos
A Terra Indígena Vale do Javari é palco de conflitos que envolvem garimpo, extração de madeira, pesca ilegal e narcotráfico. Com 8,5 milhões de hectares, a região fica no extremo oeste do Amazonas, na fronteira com o Peru, e abriga ao menos 14 grupos isolados — a maior população indígena não contatada do mundo.
A área é a segunda maior terra indígena do país — atrás apenas da Yanomami, em Roraima, na divisa com a Venezuela, que tem 9,4 milhões de hectares — e tem acesso restrito, possível apenas por avião ou barco.