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R7 Brasília

Cães ajudam PM em ao menos mil operações por ano no DF; saiba como é o treinamento

Animais atuam sobretudo na apreensão de drogas e armas, mas também auxiliam a localizar veículos roubados e pessoas foragidas

Brasília|Edis Henrique Peres, do R7, em Brasília


BPCães, PMDF, Batalhão de Cães
Spider tem três anos e é um dos animais de detecção de drogas e armas Edis Henrique Peres/R7 - 18.07.

O BPCães (Batalhão de Policiamento com Cães) da Polícia Militar do Distrito Federal atua por ano em ao menos mil operações, sendo que desde 2021 foi acionado aproximadamente 3,1 mil vezes. Nesta semana, o R7 visitou o Batalhão e conferiu como funciona o trabalho da equipe com os animais. Os cachorros auxiliam os policiais em operações especiais e de apoio, sobretudo na apreensão de substâncias ilícitas.

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De janeiro a junho deste ano, o BPCães já apreendeu 63 kg de drogas em 67 operações de combate ao tráfico. Nesse intervalo, os animais também ajudaram a localizar sete veículos roubados e oito armas de fogo.

Atualmente, a maioria dos cachorros do BPCães é da raça pastor-belga-malinois, cão usado em operações policiais do mundo inteiro. O Batalhão ainda conta com labradores, rottweilers e dois bloodhounds, doados pela primeira-dama do DF, Mayara Noronha.

Eles [pastores-belga-malinois] são os cães com o melhor faro do mundo e são muito usados em operações com o grande público, em que o objetivo não é intimidar a população. O rottweiler costuma ser usado na proteção, já que ele é um cão mais forte, que cansa mais rápido. No entanto, todas as raças são capacitadas para atuar na proteção

(Capitão Dezen, subcomandante do BPCães)

Segundo o subcomandante, os cachorros são usados em três modalidades de serviço. “Temos o cão de detecção de narcóticos [drogas] e armas, que é a maioria do Batalhão; o cão que atua em operações de suspeita de explosivo para fazer varreduras, que vai com o esquadrão antibomba; e temos os cães que ajudam a detecção de pessoas foragidas e fugitivas, que também podem ajudar nas buscas de desaparecidos em algum tipo de apoio aos bombeiros.”


Dezen cita que o uso dos animais para localizar foragidos não é algo raro. “A gente pensa que é algo que nunca acontece, mas isso é bem corriqueiro. Só neste ano os cães já pegaram dois foragidos. Para isso, utilizamos qualquer coisa que a pessoa deixe com odor. Pode ser um boné, um chinelo, um pedaço de roupa, qualquer coisa que tenha o cheiro da pessoa, o cão consegue identificar e ir atrás”, explicou.

O subcomandante destaca, além disso, o forte vínculo entre cão e policial, que dura toda a vida de atuação do animal.


Cada policial conduz seu próprio cão, porque eles criam um vínculo. O cão chega ainda filhote e é designado para determinado policial, que fica com ele até o fim da carreira do animal. Tem muitos que até escolhem levar os cães para casa. Levam todo dia e trazem de volta para cá para o animal trabalhar. Esse vínculo permite que o agente perceba se o cão está ficando nervoso ou se ele está identificando algo suspeito em qualquer mudança mínima de comportamento, por exemplo

(Capitão Dezen, subcomandante do BPCães)

O treinamento dos animais é conduzido durante toda a vida, e o agente não pode destreinar o animal. “É um treinamento contínuo. O cão passa por treinamento ao longo de toda a carreira. Por exemplo, nem todo policial pode levar o cão para casa, porque pode ter criança que vai recompensar o animal de forma indevida e inserir no comportamento do cão comportamentos incorretos. É todo um processo. Afinal, até o fim da vida o cão está aprendendo”, salienta.

Batalhão de cães da PMDF Luce Costa/Arte R7



Apreensão de drogas

Em operações de rotina para identificação de drogas, por exemplo, a equipe do BPCães é acionada quando o policial suspeita de drogas escondidas em locais de difícil confirmação.

“O policial pode ter uma suspeita, e a gente, como apoio, vai fazer uma varredura. Às vezes, a suspeita é de que a droga está em um cilindro de oxigênio ou escondido em uma parte do carro. O policial não pode simplesmente cortar o cilindro ou desmontar parte do veículo sem uma confirmação maior de que tenha droga ali. Por isso a importância do cão”, explica.

O capitão acrescenta que o cão também trabalha com autonomia, com a guia solta, para não parecer que o policial está direcionando o animal. “O cão vai por vontade própria, porque isso é mais uma prova de que ele está farejando alguma substância ilícita.”

Treinamento especial

O processo de formação dos cães envolve muito treinamento, seja do policial responsável pelo animal ou do próprio cachorro. “O policial do BPCães passa por um período de treinamento bem longo, de mais de um ano e meio. Ele passa por treinamento de adestramento básico e operacional até ter condição de conduzir o animal. Quando o cão vai atuar na detecção de drogas ou buscas de foragidos, é necessário outro curso complementar”, explica.

O processo dos animais começa logo após o nascimento e segue por quase dois anos. Nesse período, são avaliados aspectos como temperamento, resposta a medos e barulhos e nível de agressividade, por exemplo.

Para isso, os cães são testados em diversas situações cotidianas, que envolvem barulho, fumaça, uso de elevador, uso de metrô e outros cenários para garantir que o animal responda adequadamente em toda operação que for atuar.

“O cão também tem que ter agressividade controlada, agir quando o condutor comandar. Ele tem que frequentar ocasiões com alta quantidade de público sem dar problema”, explica Dezen.

“É um processo muito delicado, porque se o cão tiver um trauma ainda filhote, a gente perde o cão. Se o animal se assusta com uma bombinha, como poderemos usá-lo em uma festa junina ou em um carnaval, por exemplo? Quase 90% dos cães não chegam a ser formados policiais no fim do treinamento”, completa o subcomandante.

Orientação para a população

Dezen frisa que a população também pode contribuir com o trabalho do Batalhão de Cães. A orientação principal é não mexer com o animal quando ele estiver em serviço. “Ali ele está cumprindo um dever, o correto é ele não interagir”, diz o policial.

Sobre o trabalho em si, o subcomandante do Batalhão garante que os cães são muito bem cuidados. “Toda vez que eles vão trabalhar, eles estão se divertindo. É a hora que eles mais gostam do dia. É uma diversão, até porque ele sempre ganham premiação por farejar uma substância ilícita ou ter sucesso em uma operação. Eles ficam super animados quando entram na viatura.”

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