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Com oficialização de tarifaço de Trump, Brasil terá desafios para redirecionar comércio

Reorientação do mercado pode levar tempo, mas é possível que país trabalhe com mercados como União Europeia e China

Brasília|Giovana Cardoso e Rute Moraes, do R7, em Brasília

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RESUMO DA NOTÍCIA

  • Brasil enfrenta desafios com a nova tarifa de 40% imposta por Donald Trump sobre produtos brasileiros.
  • Especialistas acreditam que o país pode redirecionar exportações para mercados como China e Europa.
  • Exportações de carne bovina podem sofrer perdas significativas, chegando a US$ 3 bilhões no próximo ano.
  • A medida revela a dependência dos EUA de produtos brasileiros, como café e carne, que são essenciais para sua indústria.

Produzido pela Ri7a - a Inteligência Artificial do R7

Trump assinou a ordem executiva nesta quarta White House/ Molly Riley

Em meio à oficialização do tarifaço do presidente dos Estados Unidos, Donald Trump, o Brasil terá desafios para conseguir redirecionar o mercado de produtos que não entraram para a lista de isenção, como café e carne, por exemplo.

Para especialistas ouvidos pelo R7, apesar dos desafios e da necessidade de se adaptar a novos padrões, é possível que o país consiga trabalhar com outros mercados, entre eles China e União Europeia.


Jackson Campos, especialista em comércio exterior, cita também países do Oriente Médio como alternativas.

“Eles já são grandes compradores e valorizam a qualidade dos nossos produtos, mas isso leva tempo e existe a necessidade de atender às exigências regulatórias e de embalagens, por exemplo”, comenta Campos.


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Para o analista, a divulgação da ordem executiva de Trump tem potencial prejudicial aos EUA e mostra a dependência dos norte-americanos em produtos brasileiros.

Um exemplo disso é o suco de laranja, responsável por 40% de participação no setor dos EUA.


Impactos significativos para o Brasil

Apesar do alívio para muitos setores, como aeronaves, celulose, ferro e aço, a medida continua trazendo impactos significativos para o Brasil. O tarifaço e as consequências ao país destacam a necessidade do país em diversificar mercados.

“O tarifaço precisa servir de alerta. O Brasil necessita urgentemente de uma estratégia de inserção internacional que não seja apenas reativa”, continua o economista Hugo Garbe.


Ele aponta como alternativas a diversificação de mercados, a necessidade de agregar valor à exportação e a redução da dependência de decisões unilaterais de parceiros externos.

As exportações de carne bovina, por exemplo, que possui grande representação no comércio com os EUA, pode sofrer uma perda de US$ 1,3 bilhão com a medida.

Os prejuízos são ainda maiores no ano seguinte, podendo superar US$ 3 bilhões, aponta um estudo da Abrafrigo (Associação Brasileira de frigoríficos).

Especialista em Direito Internacional, Paulo Henrique Gonçalves Portela considera que o percentual de 50% é “exorbitante” e que viola os princípios do Direito do Comércio Internacional, consagrados nos acordos comerciais internacionais e defendidos pela OMC (Organização Mundial do Comércio).

Consequências aos EUA

Para analistas em comércio exterior e economia, a lista de produtos isentos demostra, ainda, a dependência dos EUA em alguns produtos do Brasil. Segundo Garbe, os itens retirados do tarifaço são “insumos-chave para setores industriais e produtivos americanos”.

“O anúncio feito hoje pelo presidente Donald Trump, retirando parte dos produtos brasileiros da lista do tarifaço de 50%, não é um gesto de aproximação diplomática. É, acima de tudo, uma demonstração objetiva de necessidade”, analisa Garbe.

O especialista acredita que foi poupado da taxação aquilo que os Estados Unidos, pragmaticamente, ainda precisam importar do Brasil para manter a própria engrenagem funcionando.

A retirada do café da lista pegou de surpresa especialistas do setor, que esperavam a isenção do produto, visto que os norte-americanos não produzem o fruto.

No caso das carnes, o economista Fernando Iglesias entende que os EUA podem encontrar mercados que substituam o Brasil, mas não pelo mesmo valor.

“Estados Unidos é bastante dependente da importação de café daqui do Brasil, da mesma maneira que os Estados Unidos também tem uma dificuldade muito ampla no mercado de carnes. No mercado de carnes, ele até vai encontrar substituição ao Brasil em mercados como Austrália, Nova Zelândia, Uruguai e Argentina, mas o problema é que eles vão ter que pagar mais por esse produto”, explica.

De acordo com Iglesias, esse movimento pode aumentar a pressão inflacionária nos Estados Unidos. “Os preços do café tendem a subir, da mesma maneira que os preços da carne bovina tem uma perspectiva de alta no mercado norte-americano”, conclui.

Portela alega que ainda é difícil falar sobre o impacto das tarifas ao Brasil. Contudo, ele considera que os EUA abriram um número “significativo” de exceções, o que reduz ainda mais o impacto na economia brasileira.

O especialista citou que os EUA são um dos principais destinos das exportações brasileiras, tendo ficado em segundo lugar em 2024, com um volume de US$ 21,4 bilhões (cerca de 12% do total exportado pelo Brasil).

Ele, porém, ressalta que os EUA ficam atrás da China, primeiro destino de produtos brasileiros no exterior, com vendas no volume de US$ 67,7 bilhões também em 2024.

Ordem de Trump

Nesta quarta-feira (30), Trump, assinou a ordem executiva que impõe tarifa adicional de 40% sobre produtos brasileiros comprados pelos EUA — o que eleva o total da taxa para 50%.

O texto oficializa o chamado tarifaço, anunciado pelo republicano em 9 de julho. Ao justificar a medida, Trump cita os processos judiciais enfrentados pelo ex-presidente Jair Bolsonaro.

Além de inelegível até 2030, o ex-presidente é réu no STF (Supremo Tribunal Federal) por tentativa de golpe de Estado e abolição do Estado Democrático de Direito.

O norte-americano destaca, ainda, uma “ameaça incomum e extraordinária à segurança nacional, à política externa e à economia dos Estados Unidos”.

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