'Corajoso', diz superintendente da PF sobre delegado morto em ação contra madeireiros
Segundo Sérgio Mori, Roberto Moreira presidiu um grande número de operações contra crimes ambientais dentro de terras indígenas
Brasília|Hellen Leite, do R7, em Brasília
"A Polícia Federal perdeu um grande profissional, destacado e corajoso." Foi assim que o superintendente da PF em Mato Grosso, Sérgio Sadao Mori, se referiu ao delegado Roberto Moreira da Silva Filho, de 35 anos, morto durante uma operação contra a exploração de madeira ilegal na Terra Indígena Aripuanã, a 947 km de Cuiabá.
"Mesmo com uma curta carreira, Roberto presidiu um grande número de operações que visava combater o garimpo e a exploração de madeira ilegal dentro de terras indígenas", acrescentou Mori.
O delegado, que é natural do Distrito Federal, era chefe da Delegacia de Repressão a Crimes contra o Meio Ambiente e Patrimônio Histórico, da Superintendência da PF em Mato Grosso, desde setembro de 2021. Ele foi atingido na cabeça por um tiro enquanto abordava caminhões carregados de madeira ilegal.
O caso aconteceu na madrugada da última sexta-feira (26), quando o delegado estava com uma equipe de policiais federais realizando a abordagem de caminhões de madeireiros que fazem extração ilegal na cidade de Aripuanã. Um dos motoristas teria se recusado a parar e jogado o veículo contra o grupo de investigadores.
Para evitar serem atropelados, os policiais dispararam. Um dos tiros teria ricocheteado e atingido Moreira. Ele usava equipamentos de segurança, como colete balístico, mas o disparo atingiu a cabeça do policial, que não resistiu aos ferimentos.
Antes de o corpo de Moreira seguir para Brasília, colegas do delegado o homenagearam em um comboio de viaturas. O ministro da Justiça, Anderson Torres, também lamentou o caso. "É com imenso pesar que recebi a notícia do falecimento do delegado da Polícia Federal Roberto Moreira da Silva Filho, baleado durante uma operação no Mato Grosso/MT. Meus sentimentos aos familiares e amigos. Grande perda para a nossa PF", afirmou.
Desmatamento em Mato Grosso
A Operação Onipresente, que era coordenada por Moreira, fazia parte do programa federal Guardiões do Bioma, em parceria com o Instituto Brasileiro do Meio Ambiente e dos Recursos Naturais Renováveis (Ibama). De acordo com a PF, as ações deflagradas no norte e noroeste de Mato Grosso buscam impedir diversos crimes ambientais, principalmente a extração ilegal de madeira e o desmatamento, além de reunir provas para identificar e punir criminosos.
Há anos a região é alvo da cobiça de madeireiros, atraídos sobretudo pelo ipê. Em 2018, servidores do Ibama, da Fundação Nacional do Índio (Funai) e da Polícia Civil de Mato Grosso apreenderam 13 caminhões, 3 pás carregadeiras, 4 tratores adaptados para a retirada de árvores, 2 tratores de esteira, 2 reboques florestais, 8 motos, 12 motosserras, 1 caminhonete e 6 armas de fogo durante uma única operação conjunta.
Vinte e duas pessoas foram identificadas por envolvimento com ilícitos ambientais e por tentarem obstruir as vias e impedir a apreensão dos equipamentos. Isso fez com que os agentes destruíssem a maior parte dos bens apreendidos no próprio local.
Recentemente, a PF estimou que ao menos dez caminhões deixam a Terra Indígena Aripuanã diariamente, carregados ilegalmente de toras de madeira de alto valor comercial – o que motivou a corporação a anunciar, em julho, que intensificaria as suas ações.