CPMI ouve coronel da PM investigado por omissão no 8 de janeiro
Coronel Eduardo Naime deve repetir o que disse à CPI da Câmara Legislativa, que também investiga os atos de vandalismo
Brasília|Hellen Leite, do R7, em Brasília
A Comissão Parlamentar Mista de Inquérito (CPMI) do 8 de Janeiro ouve nesta segunda-feira (26) o coronel Eduardo Naime, ex-chefe do Departamento Operacional (DOP) da Polícia Militar do Distrito Federal, investigado por omissão nos atos de vandalismo. A tendência é que o ex-militar repita o que disse à CPI em andamento na Câmara Legislativa do DF, na qual depôs em março. Na ocasião, ele afirmou que não teve acesso a informações que mostrariam a gravidade das manifestações na praça dos Três Poderes.
Segundo ele, a única informação que a corporação tinha do então secretário-executivo da Secretaria de Segurança Pública do DF, Fernando Oliveira, "era de 10h da manhã de sexta-feira, de uma manifestação com baixa adesão".
Ainda de acordo com o coronel, as informações repassadas no grupo de WhatsApp que reunia a cúpula da Segurança Pública do DF e outras autoridades não eram relatórios de inteligência, mas informes, que não permitem o planejamento da corporação, apenas ações de contenção.
Naime estava de folga no dia das manifestações. Mesmo assim, foi preso por ordem do ministro do Supremo Tribunal Federal Alexandre de Moraes, em 7 de fevereiro. Ele é o único entre as autoridades investigadas que continua detido. O então comandante-geral da PMDF no dia dos atos golpistas, coronel Fábio Augusto Vieira, e o ex-secretário de Segurança Pública do Distrito Federal Anderson Torres foram soltos.
Coronel é investigado por incentivar tentativa de golpe de Estado
Em seguida, nesta terça-feira (27), a CPMI vai tomar o depoimento do coronel do Exército Jean Lawand Júnior. Ele é citado em investigações da Polícia Federal por supostamente ter pedido ao ex-ajudante de ordens de Jair Bolsonaro (PL) Mauro Cid que agisse para que o então presidente desse um golpe de Estado. Em um áudio encontrado no celular de Cid, Lawand dizia que Bolsonaro precisava "dar a ordem" para que os militares pudessem agir.
"Pelo amor de Deus, Cidão. Pelo amor de Deus, faz alguma coisa, cara. Convence ele a fazer. Ele não pode recuar agora. Ele não tem nada a perder. Ele vai ser preso. O presidente vai ser preso. E, pior, na Papuda, cara", afirmou Lawand Júnior em um áudio a Cid em 1º de dezembro de 2022.
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No dia seguinte, 2 de dezembro de 2022, o coronel encaminhou novas mensagens. Às 8h32, ele escreveu: "Ele tem que dar a ordem, irmão. Não tem como não ser cumprida".
CPMI já ouviu cinco pessoas
Até o momento, o colegiado ouviu cinco pessoas. O primeiro a depor foi o ex-diretor-geral da Polícia Rodoviária Federal (PRF) Silvinei Vasques, por suspeita de direcionar as ações da corporação na região Nordeste no segundo turno das eleições, com a intenção de interferir no resultado das eleições.
Em seguida, foram ouvidos três peritos da Polícia Civil que trabalharam no episódio de tentativa de explosão de uma bomba perto do aeroporto de Brasília, além do empresário George Washington de Oliveira Sousa, condenado por tentar explodir um caminhão-tanque.