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Coronel da PMDF acusa colega de mentir sobre ordem de abrir a Esplanada em depoimento à CPI

Paulo José Souza Bezerra chamou o coronel da PM Marcelo Casimiro de 'cara de pau' e rebateu: 'Nunca dei essa ordem' 

Brasília|Edis Henrique Peres, do R7, em Brasília

Coronel prestou depoimento à CPI da CLDF
Coronel prestou depoimento à CPI da CLDF

Em depoimento à Comissão Parlamentar de Inquérito que apura os atos extremistas do 8 de Janeiro na Câmara Legislativa do Distrito Federal (CLDF), o coronel da Polícia Militar Paulo José Ferreira Souza Bezerra acusou o também coronel Marcelo Casimiro de mentir ao colegiado sobre a ordem de abrir a Esplanada dos Ministérios no dia das manifestações. Ele chegou a dizer que Casimiro era "cara de pau" e merecia o "troféu Pinóquio".

“Nunca dei essa ordem para o coronel Casimiro. Nem do grupo de decisões que envolvia os representantes dos órgãos para decidir ações no dia da manifestação eu fazia parte", disse Souza Bezerra. Ele acrescentou que só quem teria competência para determinar a abertura da Esplanada seria o presidente da República ou o governador do DF, por meio de decreto. "Ele [Casimiro] sabe disso e mentiu aqui na Comissão Parlamentar de Inquérito. Me coloco à disposição para que, se necessário for, falarei na frente dele”, afirmou.

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Souza Bezerra era comandante interino do Departamento de Operações (DOP) da Polícia Militar na época dos atos extremistas, e foi preso por suspeita de omissão no planejamento da segurança em 8 de janeiro. Já o coronel Casimiro era o comandante do 1º Comando de Policiamento Regional (CPR) à epoca das manifestações.

Durante o depoimento, a defesa do coronel Souza Bezerra informou que vai disponibilizar à CPI áudios, documentos e mensagens trocadas entre ele e o coronel Casimiro. Uma delas aconteceu no próprio 8 de Janeiro. "Eu pergunto às 12h56 de domingo [para o Casimiro]: 'Os efetivos daí são suficientes?'. Ele fala, por enquanto, que são suficientes", disse Souza Bezerra.


Segundo o coronel, se Casimiro tivesse solicitado mais companhias operacionais, os grupos se apresentariam. A troca de mensagens teria ocorrido enquanto Casimiro se deslocava para a Esplanada, de acordo com foto apresentada por Souza Bezerra ao presidente da CPI, deputado Chico Vigilante (PT).

Souza Bezerra afirmou também que a subsecretária de Operações Integradas, coronel Cíntia Queiroz de Castro, não chegou a trocar informações com ele, e que o Departamento de Operações da Polícia Militar não produz análises de inteligência. "A gente consome esses materiais. Precisávamos ter documentos para definir quais estratégias seriam adotadas. E em nenhum momento o DOP recebeu as informações", declarou.


O coronel reforçou que houve falhas de planejamento. "Se as informações estavam dentro da SSP [Secretaria de Segurança Pública do DF] e não tomaram providência, a responsabilidade era da SSP. Mas, se chegou a outras autoridades, a responsabilidade é delas", disse.

Cúpula da PMDF

O depoimento do coronel Paulo José Ferreira Souza Bezerra à CPI da CLDF estava marcado para 5 de junho, mas ele apresentou um atestado psiquiátrico e a oitiva foi cancelada.

Ele foi preso no dia 18 de agosto em operação da Polícia Federal que mirou a cúpula da PMDF por suspeita de omissão nos atos extremistas de 8 de janeiro. Foram emitidos cinco mandados de prisão e dois de manutenção de prisão, já que o coronel Jorge Naime e o major Flávio Silvestre Alencar já estavam presos.

Além do coronel Paulo José, foram presos os coronéis Klepter Rosa Gonçalves e Fábio Augusto Vieira, ex-comandantes da PMDF, o coronel Marcelo Casimiro e o tenente Rafael Pereira.

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