Depois de voltar do Uruguai, Lula passa o feriado em Brasília
Presidente foi ao país vizinho para posse de Yamandú Orsi; nesta semana, Lula empossa novo ministro da Saúde
Brasília|Ana Isabel Mansur, do R7, em Brasília

O presidente Luiz Inácio Lula da Silva vai passar o feriado de Carnaval em Brasília neste ano. Diferentemente de folgas anteriores, quando optou por descansar em praias privativas de bases navais (leia mais abaixo), ele resolveu ficar na capital federal, em meio às discussões da reforma ministerial e à baixa popularidade do governo. Nesse sábado (1º), Lula esteve no Uruguai para a posse de Yamandú Orsi. Ele voltou a Brasília no mesmo dia.
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Nesta semana, o presidente vai oficializar a mudança no comando do Ministério da Saúde depois da demissão de Nísia Trindade, na terça-feira (25). O substituto dela é Alexandre Padilha, que vai deixar a Secretaria de Relações Institucionais. A posse dele está prevista para quinta-feira (6).
Para o lugar de Padilha na pasta responsável pela articulação política do Palácio do Planalto com o Congresso Nacional, o presidente escolheu a deputada federal Gleisi Hoffmann (PT-PR), que deve tomar posse no dia 10.
Mudanças na Esplanada
As trocas na equipe ministerial fazem parte de uma reforma debatida desde o fim do ano passado, quando Lula criticou publicamente a gestão da comunicação do governo federal.
A insatisfação do presidente levou à substituição do titular da Secom (Secretaria de Comunicação Social da Presidência), logo no início de janeiro. Lula demitiu Paulo Pimenta e nomeou Sidônio Palmeira, que comandou a campanha do presidente em 2022.
Outro desconforto foi com a gestão de Nísia Trindade no Ministério da Saúde. Nos bastidores, as principais críticas foram a falta de uma “marca” na Saúde e a condução do combate à dengue.
Em entrevista à RECORD na semana passada, o presidente explicou que decidiu trocar o comando da pasta porque queria mais “agressividade” na política.
“A Nísia é uma companheira da mais alta qualidade, minha amiga pessoal, mas eu estou precisando de um pouco mais de agressividade na política. O governo tem que aplicar mais agilidade, mais rapidez e, por isso, estou fazendo algumas trocas”, disse.
A saída de Padilha da Secretaria de Relações Institucionais gerou expectativas no centrão, que gostaria de mais espaço no governo em posições de importância. No entanto, Lula optou por escolher alguém do PT para a pasta. Segundo ele, Gleisi “vem para somar na Secretaria de Relações Institucionais da Presidência da República, na interlocução do Executivo com o Legislativo e demais entes federados”.
Congressistas ouvidos pelo R7 ponderaram que o nome da deputada “não era o esperado” pelo centrão, que aguardava o anúncio de uma pessoa mais ligada ao bloco. De todo modo, parlamentares avaliaram que ela terá uma boa relação com o Legislativo.
Reprovação em alta
Desde 14 de fevereiro, com a divulgação da Datafolha, levantamentos têm destacado forte queda na popularidade de Lula. Naquele dia, a pesquisa mostrou que ele atingiu o menor nível de aprovação dos três mandatos, com 24%. Segundo a Datafolha, 41% dos eleitores reprovam o governo do presidente, o maior número já registrado pelo levantamento.
Na última terça (25), pesquisa da CNT (Confederação Nacional do Transporte) mostrou que 64,8% dos brasileiros acham que Lula não merece ser reeleito em 2026. Segundo o levantamento, 31,7% acreditam que ele merece um novo mandato, enquanto 3,5% não opinaram. Pelos dados, 55,3% reprovam o desempenho pessoal de Lula à frente do governo, o pior índice já obtido pela CNT considerados os três mandatos anteriores.
A nova pesquisa Genial/Quaest, divulgada na quarta-feira (26), revelou o mesmo cenário, com queda na popularidade de Lula em oito estados brasileiros, incluindo Bahia e Pernambuco, regiões onde Lula tem, historicamente, forte desempenho. O levantamento também indicou um panorama eleitoral mais desafiador para ele na disputa presidencial de 2026.
Outros Carnavais
No ano passado, enquanto se recuperava da cirurgia no quadril feita em outubro de 2023, Lula também passou o feriado em Brasília, no Palácio da Alvorada. Logo após o fim do Carnaval, o presidente foi ao Egito e à Etiópia, onde participou da reunião de chefes de Estado e de governo da União Africana.
No Carnaval anterior, no primeiro ano do mandato, o presidente foi para Salvador e ficou hospedado na Base Naval de Aratu, que tem uma praia privada com acesso restrito a militares. Lula já tinha se hospedado na base naval, que fica no subúrbio da capital baiana, nos mandatos anteriores. Também já passaram por lá os ex-presidentes Fernando Henrique Cardoso, Dilma Rousseff e Jair Bolsonaro.
