Derrubada de floresta em terras indígenas na região amazônica é a menor em seis anos
Levantamento aponta queda de 42% entre agosto de 2023 e março de 2024 e atribui resultado a melhores políticas de proteção da área
Brasília|Victoria Lacerda, do R7, em Brasília
A derrubada de floresta em terras indígenas na região amazônica reduziu 42% entre agosto de 2023 e março de 2024, período conhecido como o calendário do desmatamento. A diminuição representa o menor índice de destruição registrado dentro desses territórios desde 2018, segundo o Imazon (Instituto do Homem e do Meio Ambiente na Amazônia).
O levantamento foi divulgado nessa quarta-feira (17), antevéspera do Dia dos Povos Indígenas, celebrado em 19 de abril. De acordo com o Imazon, a queda no desmatamento atingiu 89%, ao passar de 3,77 km² em março de 2023 para 0,42 km² no mesmo mês deste ano.
O instituto elaborou um ranking das sete terras indígenas mais afetadas pelo desmatamento em março de 2024. Roraima desponta como o estado com o maior número de territórios devastados, mantendo uma tendência preocupante que vem sendo observada desde o início do ano.
A terra indígena Apyterewa, no Pará, não figura mais entre as áreas mais impactadas, depois de quatro anos consecutivos como a mais desmatada na Amazônia. Habitada pelo povo Parakanã, a terra teve uma redução considerada “notável” na destruição de florestas, totalizando 324 km² - o equivalente a uma área maior que a cidade de Fortaleza (CE) ou cerca de 32.400 campos de futebol.
A pesquisadora do Imazon Larissa Amorim diz que a diminuição do desmatamento nessa terra indígena pode estar associada às operações de retirada de não-indígenas que ocupavam ilegalmente a área. ”A Apyterewa já está há quatro meses seguidos sem aparecer no nosso ranking das dez terras indígenas mais desmatadas.”
Apesar das melhorias observadas nas terras indígenas, o desafio da conservação ambiental persiste. O desmatamento acumulado em toda a Amazônia Legal entre agosto de 2023 e março de 2024 foi de 1.948 km², o menor número da série histórica desde 2018. No entanto, essa quantidade ainda representa uma área maior que a cidade de São Paulo.
O mês de março marcou o 12º mês consecutivo de queda na perda florestal, registrando 124 km² desmatados, o que representa uma diminuição de 64% em relação ao mesmo período de 2023.