Desembargador de caso bilionário diz ser perseguido na véspera de audiência em Alagoas
Magistrado é um dos que analisam falência da usina Laginha Agroindustrial, pertencente aos herdeiros do ex-deputado João Lyra
Brasília|Do R7, em Brasília
O desembargador Carlos Cavalcanti, do TJ-AL (Tribunal de Justiça de Alagoas), disse ter sido perseguido por uma caminhonete desconhecida enquanto dirigia o próprio carro ao lado da esposa na noite de segunda-feira (27). A declaração foi dada em audiência na terça-feira (28). Cavalcanti descreveu o incidente de trânsito antes do início da sessão, na qual foi tratado o processo de falência da empresa Laginha Agroindustrial.
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“Sou juiz desde os 23 anos, nunca houve uma ocorrência dessa na minha vida. Nunca. Sendo que eu tinha uma audiência da massa falida no outro dia. Pode ser uma coincidência, mas todos agora, [inclusive] a sociedade está sabendo dessa ocorrência”, declarou.
Cavalcanti é relator da ação sobre o conglomerado de açúcar e etanol fundado pelo empresário e ex-deputado João Lyra. O caso envolve dívidas bilionárias e poderia ir ao STF (Supremo Tribunal Federal) a depender do entendimento dos desembargadores do TJ-AL na sessão de terça. Entretanto, o colegiado decidiu por manter o julgamento na instância estadual.
Em nota à imprensa, o TJ-AL informou que “houve uma atualização dos impedimentos e suspeições, e atualmente 10 desembargadores estão desimpedidos”. São eles: Orlando Rocha, Domingos Neto, Elisabeth Carvalho, Tutmés Airan, Fábio Bittencourt, Carlos Cavalcanti, Ivan Brito, Paulo Zacarias, Márcio Roberto e o desembargador em exercício, juiz Alberto Jorge.
Dívidas da massa falida somam quase R$ 2 bilhões
Relatórios estimam que as dívidas da massa falida chegam a R$ 1,9 bilhão. Entre elas, estão débitos com as receitas dos estados de Alagoas e Minas Gerais, nos valores de R$ 250 milhões e R$ 350 milhões, respectivamente.
Entre os temas em disputa, está a definição do administrador judicial, já que os herdeiros estão divididos quanto ao tema. Entre os seis filhos do ex-deputado estão: a empresária Maria de Lourdes Lyra, inventariante do processo, e Thereza Collor de Mello, viúva de Pedro Collor de Mello, o irmão do ex-presidente Fernando Collor de Mello.
Maria de Lourdes, conhecida como Lourdinha, está em lado oposto a Thereza Collor, outros três irmãos e a mãe deles no processo. O grupo deve recorrer da decisão de manter a ação na justiça estadual, informou ao R7, o advogado Henrique Ávila, sócio do Sergio Bermudes Advogados, que representa Thereza Collor e os demais.
“O STF pode analisar o caso, inclusive o fato de que alguns desembargadores, antes autodeclarados impedidos, ficaram agora aptos”, declarou.