Em meio a indefinições, Lula chama Haddad para nova conversa sobre corte de gastos
Na semana passada, presidente reuniu equipe econômica para debater o assunto, mas discussões terminaram sem decisão
Brasília|Caroline Aguiar, da RECORD, e Ana Isabel Mansur, do R7 em Brasília
O presidente Luiz Inácio Lula da Silva chamou na tarde desta segunda-feira (11) o ministro da Fazenda, Fernando Haddad, para uma nova conversa sobre o corte de gastos públicos que será feiro em breve pelo governo federal. A reunião, fora da agenda, ocorre no Palácio do Planalto, depois de encontro de Lula com lideranças dos grupos de engajamento do G20. Haddad também participou desse debate.
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A convocação do ministro dá sequência às conversas do presidente com a equipe econômica a respeito da redução de despesas. As medidas, que seriam divulgadas, a princípio, até a última sexta (8), seguem sem definição. O Executivo enfrenta resistências internas para efetivar os cortes e críticas do PT, partido de Lula.
Na última semana, o petista se reuniu com a junta econômica ao menos por três vezes — na segunda (4), na quinta (7) e na sexta (8). Além de Haddad, o grupo é formado pelos ministros Rui Costa (Casa Civil), Simone Tebet (Planejamento e Orçamento) e Esther Dweck (Gestão e Inovação em Serviços Públicos). O R7 apurou que, por enquanto, não há previsão de presença dos demais titulares na reunião desta segunda (11).
O Executivo tem debatido nos últimos dias o valor e o formato da redução das despesas, mas as áreas afetadas ainda não foram divulgadas. No entanto, as pastas atingidas devem ser aquelas chamadas por Lula e pela equipe econômica para conversas nos últimos dias.
Na reunião de segunda (4), Lula chamou, depois do início do encontro, os ministros Nísia Trindade (Saúde), Camilo Santana (Educação) e Luiz Marinho (Trabalho e Emprego). No dia seguinte, a equipe econômica chamou, sem Lula, os ministros Wellington Dias (Desenvolvimento e Assistência Social, Família e Combate à Fome) e Carlos Lupi (Previdência Social), além de representantes do INSS (Instituto Nacional do Seguro Social), DataPrev (Empresa de Tecnologia e Informações da Previdência) e Serpro (Serviço Federal de Processamento de Dados).
Na quinta (7), o debate reuniu também os ministros Geraldo Alckmin (vice-presidente e Desenvolvimento, Indústria, Comércio e Serviços) e Paulo Pimenta (Secretaria de Comunicação Social). No dia seguinte, Jorge Messias (Advogado-Geral da União) se junto ao grupo. O encontro de quinta durou cinco horas e meia — a reunião começou de manhã, foi pausada no almoço e retomada de tarde. Na sexta (8), as conversas se prolongaram por cerca de três horas e meia.
Há ‘consenso’ no governo, diz Haddad
Na semana passada, Haddad afirmou que os titulares dos ministérios estão “conscientes” a respeito do corte de gastos públicos que será feito pelo governo. “Os ministros todos estão muito conscientes da tarefa que temos pela frente, de reforço do arcabouço fiscal, da previsibilidade, da sustentabilidade das finanças em médio e longo prazo. Penso que há consenso em torno do princípio”, afirmou ele a jornalistas.
Depois da reunião de terça, Carlos Lupi, da Previdência Social, negou que o pacote de corte de gastos anunciado pelo governo vá atingir a pasta da Previdência Social. No entanto, ele indicou que deve acontecer uma revisão no BPC (Benefício de Prestação Continuada) para eliminar as irregularidades. O benefício, pago a idosos e pessoas com deficiência de baixa renda, atualmente contempla ao menos seis milhões de beneficiários.
Lupi afirmou que “não há nenhum corte previsto na Previdência Social, pois são despesas obrigatórias constitucionais e não têm como ser cortadas”. Segundo o ministro, o foco das discussões no ministério é ajustar as regras do BPC para eliminar concessões irregulares, garantindo que apenas quem realmente tem direito ao benefício seja atendido.