Em meio ao tarifaço de Trump, Lula volta a defender soberania do Brasil: ‘Mundo está perverso’
Taxa de 50% começou a valer na última quarta (6); plano de contingência do governo deve ser anunciado nesta semana
Brasília|Ana Isabel Mansur, do R7, em Brasília
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O presidente Luiz Inácio Lula da Silva voltou a defender nesta segunda-feira (11) a soberania do Brasil, em meio ao tarifaço do presidente dos Estados Unidos, Donald Trump, a produtos brasileiros.
A taxa de 50% imposta pelo republicano começou a valer na última quarta-feira (6). As reações do Brasil à determinação dos EUA, que incluem um plano de contingência, serão discutidas nesta tarde, em reunião de Lula com o vice-presidente Geraldo Alckmin e o ministro da Fazenda, Fernando Haddad.
“Este país está precisando de todos nós, porque o mundo está ficando mais perverso, mais nervoso. Nós precisamos de um país soberano, democrático, e que o povo brasileiro seja o único dono do seu nariz neste país”, declarou o petista, em evento no Palácio do Planalto.
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Por determinação de Lula, as negociações do Brasil com os Estados Unidos são comandadas por Alckmin, que também é ministro do Desenvolvimento, Indústria, Comércio e Serviços.
As propostas do plano de contingência, desenvolvido pelas pastas de Alckmin e de Haddad, em parceria com outros ministérios da Esplanada, foram finalizadas e apresentadas a Lula na última quarta.
Segundo o vice-presidente, a expectativa é que o plano seja apresentado já nesta terça-feira (12). Além de liderar as negociações, Alckmin ouve as principais demandas dos setores brasileiros afetados pelo tarifaço.
O vice-presidente, em declarações públicas ao longo dos últimos dias, tem reforçado que o principal objetivo do plano é manter os empregos dos trabalhadores.
Até o momento, algumas hipóteses avaliadas pelo governo são: a compra de alimentos perecíveis que seriam exportados para escolas da rede pública e algum tipo de auxílio emergencial, como o que foi aplicado durante a pandemia da Covid-19.
Reunião cancelada
Mais cedo nesta segunda, Haddad informou que uma reunião virtual que ele teria com o secretário do Tesouro dos Estados Unidos, Scott Bessent, foi cancelada. A informação foi confirmada ao R7 pela assessoria do ministro.
O encontro seria nesta quarta-feira (13) e era avaliado como estratégico para a redução das tarifas de 50% impostas pelos Estados Unidos sobre os produtos brasileiros.
A reunião tinha sido confirmada por Haddad na semana passada. Na ocasião, o ministro disse que a oficialização do encontro foi feita via email pelos norte-americanos.
Produtos brasileiros atingidos pela tarifa
- Café
Maior exportador global, o Brasil tem nos EUA um de seus principais compradores. Em 2024, os embarques de café somaram quase US$ 2 bilhões, representando 16,7% do total exportado.
- Carne bovina
De acordo com a Abrafrigo (Associação Brasileira de Frigoríficos), o mercado norte-americano absorveu 16,7% das exportações brasileiras do produto em 2024 — o equivalente a 532 mil toneladas e US$ 1,6 bilhão em receitas. A empresa Minerva projeta queda de até 5% na receita líquida.
- Frutas
O setor frutícola também será afetado. No ano passado, mais de 1 milhão de toneladas foram exportadas.
- Máquinas agrícolas e industriais
O decreto dos EUA que regulamentou o tarifaço prevê isenções específicas, como peças destinadas à indústria de papel e celulose, além de itens voltados à aviação civil. Máquinas e componentes fora desses segmentos serão taxados integralmente.
- Móveis
Alguns modelos escaparam da taxação, entre eles assentos e estruturas metálicas ou plásticas utilizadas em aeronaves. O restante do setor será atingido pela nova alíquota.
- Têxteis
Não houve uma isenção abrangente. Itens muito específicos, como fio de sisal para enfardamento e materiais aeronáuticos, compõem o grupo excluído.
- Calçados
Todos os calçados brasileiros passaram a estar sujeitos à tarifa de 50%, cenário que tende a agravar a situação de um setor já pressionado pela concorrência global.
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