Em sessão sigilosa, relator de CPMI do INSS ameaça prender delegado da PF
Investigador teria se recusado a dar informações sigilosas sobre o inquérito do INSS
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Durante sessão da CPMI (Comissão Parlamentar de Inquérito) que apura fraudes no INSS (Instituto Nacional de Seguridade Social), nesta quinta-feira (28), o relator da comissão, deputado federal Alfredo Gaspar (União-AL), ameaçou dar voz de prisão ao delegado da Polícia Federal Bruno Bergamaschi.
Bergamaschi é investigador do núcleo central da Operação Sem Desconto, que apura desvios de fraudes de aposentados e pensionistas. A investigação ainda está em curso.
A audiência, que ainda ocorre no momento da publicação desta reportagem, é sigilosa, mas, conforme apurou o R7, a ação de Gaspar teria ocorrido porque, no início da sessão, o delegado teria se recusado a dar informações sigilosas sobre o inquérito. Após a repercussão, o relator negou ter feito a ameaça.
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Por meio de nota, Gaspar disse que a conversa foi voltada sobre o que poderia ou não ser compartilhado pelo delegado à comissão.
“Não houve ameaça de prisão direcionada ao delegado. O que houve foram esclarecimentos sobre o que é ou não sigiloso”, afirmou, sustenta. Leia a íntegra no fim do texto.
O deputado federal Paulo Pimenta (PT-RS) teria atuado junto ao presidente do colegiado, senador Carlos Viana (Podemos-MG), para aliviar os ânimos. Então, a voz de prisão não se concretizou.
Depois, um habeas corpus do ministro André Mendonça, do STF (Supremo Tribunal Federal), relator do processo do INSS, chegou à CPMI respaldando o delegado para falar apenas o que já havia sido divulgado sobre o caso, ou seja, sem mencionar informações sobre a investigação que ainda está em curso. Assim, os ânimos se acalmaram.
Senado já havia dado recomendações ao delegado
Por conduzir apurações ainda em andamento, Bruno Bergamaschi recebeu, antes de a oitiva começar, a liberação de respostas facultativas da advogada-geral do Senado, Gabrielle Tatith Pereira.
O ofício foi enviado à CPMI nesta quinta. O texto recomenda que o delegado avalie se questionamentos podem ter alguma interferência nas investigações.
“Compete ao delegado de polícia informar que, em face da competência jurisdicional para decidir sobre a viabilidade ou não de compartilhamento de informações sigilosas sobre diligências investigativas em curso, a CPMI deve solicitar as informações diretamente à autoridade judicial competente para que avalie a possibilidade de compartilhamento”, diz trecho do documento.
Mesmo com a recomendação, parlamentares querem entender a linha investigativa adotada pela PF e ter mais informações sobre depoimentos colhidos por investigadores. Governistas sustentam que o delegado deve ter cautela por conta do risco de comprometer investigações em curso.
Alfredo Gaspar nega
Leia a íntegra do comunicado divulgado à imprensa:
É importante esclarecer os fatos, já que trabalho com transparência em tudo que faço.
Na CPMI do INSS não houve ameaça de prisão direcionada ao delegado. O que houve foram esclarecimentos sobre o que é ou não sigiloso. Explico: o delegado fez um bom trabalho na Operação Sem Desconto, já devidamente publicizada na imprensa e com cópia integral do inquérito disponível na internet, pois ele mesmo havia solicitado o levantamento do sigilo.
Como relator, baseei minhas perguntas exclusivamente em informações não sigilosas e, mesmo assim, o delegado respondia que não podia falar. Insisti, esclarecendo que as perguntas tratavam apenas de dados já publicizados. Foi necessário que o STF se manifestasse para que o delegado mudasse de postura e esclarecesse os fatos.
Ele próprio explicou que havia recebido determinação superior para não se manifestar, inclusive sobre informações já públicas. Esse foi o motivo da discórdia. Como relator, apenas reforcei que não cabe à testemunha calar a verdade, salvo nas exceções previstas em lei. O que não era o caso. Por isso, não aceitei o silêncio como resposta.
Depois da decisão do STF, tudo ficou resolvido: o delegado deveria falar, salvo em situações que envolvessem informações realmente sigilosas. O que não estava em discussão.
Ainda durante o depoimento, questionei por que a Polícia Federal não pediu a prisão do chamado “Careca do INSS”, já que não faltam elementos que o incriminam como um dos grandes operadores da organização criminosa investigada. O que vale para ladrão de celular tem que valer também para bandido endinheirado. Ladrão de milhares de aposentados e pensionistas tem que ser preso imediatamente.
Perguntas e Respostas
O que aconteceu durante a sessão da CPMI do INSS?
Durante a sessão da CPMI que investiga fraudes no INSS, o relator, deputado federal Alfredo Gaspar, ameaçou prender o delegado da Polícia Federal, Bruno Bergamaschi, por ele ter se recusado a fornecer informações sigilosas sobre o inquérito.
Quem é o delegado Bruno Bergamaschi?
Bruno Bergamaschi é investigador do núcleo central da Operação Sem Desconto, que investiga desvios relacionados a fraudes envolvendo aposentados e pensionistas. A investigação ainda está em andamento.
Qual foi a reação do deputado Paulo Pimenta durante a sessão?
O deputado Paulo Pimenta atuou junto ao presidente da CPMI, senador Carlos Viana, para acalmar os ânimos, o que impediu que a ameaça de prisão se concretizasse.
O que ocorreu após a ameaça de prisão?
Após a ameaça, um habeas corpus do ministro André Mendonça, do STF, chegou à CPMI, permitindo que o delegado falasse apenas sobre informações já publicadas, sem abordar detalhes da investigação em curso.
Qual foi a recomendação feita à CPMI sobre o delegado?
A advogada-geral do Senado, Gabrielle Tatith Pereira, enviou um ofício à CPMI recomendando que o delegado avaliasse se as perguntas poderiam interferir nas investigações. O documento sugere que a CPMI solicite informações diretamente à autoridade judicial competente.
Qual é a posição dos parlamentares em relação às informações da PF?
Os parlamentares desejam entender melhor a linha investigativa da Polícia Federal e obter mais informações sobre os depoimentos coletados, enquanto os governistas alertam para a necessidade de cautela do delegado para não comprometer as investigações em andamento.
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