Falta de atendimento médico gera confusão em UPA no DF
Pai de uma criança autista diz que esperou por mais de 2h em unidade sem passar por triagem com o filho que estava com febre
Brasília|Do R7, em Brasília
A falta de atendimento médico gerou uma briga generalizada na noite desta segunda-feira (22) na Unidade de Pronto Atendimento (UPA) do Recanto das Emas. Segundo o depoimento dado a polícia por um dos envolvidos, ele chegou à unidade às 19h, no entanto, às 21h30 ainda não tinha conseguido passar pela triagem com o filho autista de três anos que estava há três dias com febre.
O pai relatou à Polícia Civil que foi atrás do chefe da Upa, para cobrar um atendimento. No entanto, um vigilante da unidade se aproximou e disse que ele precisava esperar o atendimento. O pai acrescentou que o filho tinha prioridade, devido ao transtorno do espectro autista, contudo ainda assim o atendimento foi negado.
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O pai disse que pediu para que ao menos aferissem a temperatura do filho, já que a febre estava alta. Mas o vigilante respondeu que ele precisava aguardar o atendimento médico. O pai da criança então teria se irritado e disse que entraria de qualquer modo na área de atendimento.
Nesse momento, o homem diz que o vigilante pegou o cassetete e deu um golpe em seu supercílio, que também acertou a cabeça de seu filho que estava em seu colo. O homem conta que começou a sangrar e que pensou que o ferimento era de seu filho, que estava chorando. O pai da criança então teria esmurrado a porta de entrada da UPA;
Vigilante nega
O vigilante da UPA, no entanto, disse que em nenhum momento golpeou a cabeça do pai que esperava atendimento para o filho. Ele relata pegou o cassetete para conter a entrada do homem e demais pessoas dentro da área restrita, mas que em “momento algum o utilizou para agredir nenhuma daquelas pessoas”.
Em certo momento da confusão, o vigilante também foi ferido com uma pedra na cabeça. O responsável ainda não foi identificado. O vigilante chegou a receber pontos no ferimento dos médicos da unidade, após a confusão.
No relato, o vigilante acrescentou que é comum esse tipo de confusão na UPA, que quase todo plantão ocorre algum tipo de episódio devido ao atendimento no local.
“Reação não ajuda atendimento”
Questionada sobre o tema, o Instituto de Gestão Estratégica de Saúde do Distrito Federal (IgesDF) disse que está ciente e “lamenta profundamente” o episódio desta segunda-feira. “Informamos que, durante o período, a unidade em questão encontrava-se funcionando com 3 pediatras e 5 médicos clínicos. Devido ao fechamento da tenda de dengue no Recanto das Emas, a UPA absorveu toda a demanda e, apesar de estar operando muito acima de sua capacidade, não foi negado atendimento a ninguém”, afirma.
O órgão afirmou que repudia episódios em que trabalhadores são “impedidos de cumprirem sua missão, que é de salvar vidas, por serem agredidos covardemente por pessoas que também aguardam seus préstimos à saúde”.
“Esse tipo de reação não resolve o atendimento e cria um ambiente hostil tanto para os colaboradores comprometidos em ajudar o próximo quanto para os pacientes que aguardam seus atendimentos de forma respeitosa. Com a confusão, a polícia foi acionada e o atendimento na unidade foi interrompido. Os prejuízos ainda estão sendo calculados”, disse.
Segundo o Iges, nesta terça-feira (23) o atendimento está normalizado na clínica médica. “No momento, a pediatria encontra-se com restrição de atendimento para casos gravíssimos. Pacientes que sejam classificados como laranja devem voltar a ser atendidos na parte da tarde”.
“Estamos acompanhando e investigando atentamente o ocorrido, comprometendo-nos a colaborar integralmente com as autoridades competentes. Temos monitorado cuidadosamente os casos de agressões enfrentados pelos nossos profissionais de saúde. Todas as nossas unidades trabalham com equipe de segurança para garantir a proteção tanto das instalações quanto dos funcionários. Essa medida visa coibir e reduzir tais ocorrências, contribuindo para uma assistência mais eficiente”, finaliza.