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A Operação Venire, da Polícia Federal, sobre o suposto esquema de falsos registros de vacinação contra a Covid-19 nos sistemas do Ministério da Saúde, investiga se Jair Bolsonaro (PL) teria sido imunizado em São Paulo, em 2021, e em Duque de Caxias (RJ), em 2022. Foram presos na operação Mauro Cid e Luis Marcos dos Reis, ex-ajudantes de ordens de Bolsonaro; Max Guilherme de Moura e Sergio Cordeiro, seguranças do ex-presidente; Ailton Moraes Barros, candidato a deputado estadual pelo PL no Rio de Janeiro em 2022; e João Carlos de Souza Brecha, secretário da Prefeitura de Duque de Caxias (RJ).
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De acordo com a Polícia Federal, quatro certificados de vacinação em nome do ex-presidente foram emitidos no ConecteSUS, plataforma que integra dados dos serviços do Sistema Único de Saúde (SUS). Os três primeiros documentos foram gerados antes de Bolsonaro ir para os Estados Unidos, em 30 de dezembro de 2022 — em 22, 27 e 30 de dezembro de 2022. O último é de 14 de março de 2023, 16 dias antes de o ex-presidente retornar ao Brasil. Os cartões, contudo, têm números de registro diferentes, conforme destacou a corporação.
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Os primeiros dois registros, emitidos em 22 e 27 de dezembro de 2022, mostram que Jair Bolsonaro foi imunizado contra a Covid-19 três vezes. A primeira vez em 19 de julho de 2021, com a vacina da Janssen, de aplicação única. Um ano depois, em 13 de agosto de 2022, ele teria recebido a primeira dose da Pfizer. Em 14 de outubro de 2022, teria sido vacinado com a segunda dose da Pfizer.
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Por meio do sistema do Ministério da Saúde, o R7 comprovou os locais de aplicação das vacinas em Jair Bolsonaro, com o código do Cadastro Nacional de Estabelecimentos de Saúde (CNES). A dose da Janssen teria sido administrada no bairro Parque Peruche, na Zona Norte da capital paulista. O ex-presidente teria recebido os imunizantes da Pfizer no centro de Duque de Caxias (RJ).
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A Polícia Federal apreendeu 35 mil dólares e R$ 16 mil em espécie na casa do ex-ajudante de ordens de Jair Bolsonaro (PL) Mauro Cid na operação dessa quarta-feira (3). A moeda americana, convertida, vale o montante de R$ 175 mil. O dinheiro estava em um cofre na residência do militar do Exército.
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Os dois últimos certificados mostram apenas a dose da Janssen. Os documentos mantêm o dia e o local de aplicação: 19 de julho de 2021, em São Paulo. Segundo a Polícia Federal, a exclusão dos dados foi feita por uma servidora da prefeitura do município fluminense, "sob a justificativa de 'erro', para dificultar a identificação do crime de inserção dos dados falsos no sistema".
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Há ainda inconsistência nos locais onde Jair Bolsonaro teria se vacinado. Em 19 de julho de 2021, quando supostamente foi imunizado com a dose da Janssen, ele estava em Brasília, não na capital paulista. Uma reportagem do R7 feita no dia mostra que o ex-presidente conversou com apoiadores em frente ao Palácio da Alvorada. A investigação mostra que Bolsonaro não estava em Duque de Caxias (RJ) nos dias indicados como de recebimento das vacinas da Pfizer.
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O ex-presidente Jair Bolsonaro (PL) afirmou nessa quarta-feira (3) que não existe adulteração por parte dele no documento de vacinação e reafirmou não ter tomado o imunizante por "decisão pessoal". "Fico surpreso com a busca e apreensão com esse motivo", completou. "Eu não fui vacinado. Decisão pessoal minha, principalmente depois de ler a bula da Pfizer. A minha esposa foi vacinada em 2021, nos Estados Unidos, com a Janssen. Está documentado", declarou o ex-presidente antes de deixar a casa após a operação da Polícia Federal.
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Ao JR Entrevista desta sexta-feira (5), o diretor-geral da Polícia Federal, Andrei Rodrigues, disse que suspeita que o ex-presidente Jair Bolsonaro (PL) tinha conhecimento da atuação de um grupo que teria fraudado informações de certificados de vacinação contra a Covid-19. Clique aqui para assistir ao trecho do programa.