Governador de Buenos Aires discute cooperação com Lula e defende relação entre países
Axel Kicillof repassou ao presidente brasileiro o panorama no país vizinho e relatou cortes sofridos pela gestão de Milei
Brasília|Plínio Aguiar, do R7, em Brasília
O governador da província de Buenos Aires, Axel Kicillof, disse que a reunião com o presidente Luiz Inácio Lula da Silva, realizada nesta terça-feira (13), em Brasília, foi positiva. Os líderes discutiram eventuais cooperações entre os governos, além dos contextos regional e internacional. O argentino também defendeu a relação entre os dois países sul-americanos.
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No encontro, o governador explicou que a Província de Buenos Aires tem registrado queda no repasse de verbas do governo de Javier Milei. Segundo ele, a área em que está localizada a capital argentina responde por 40% da produção industrial do país.
“Trouxemos propostas de investimentos, vocês sabem que há empresas brasileiras que atuam no território argentino, proporcionalmente em maior grau na província de Buenos Aires. A província representa cerca de 40% da produção total argentina, 50% da produção industrial argentina”, relatou.
“Então hoje viemos para reforçar e assegurar essa porta para a articulação, para a colaboração [...] Nós, da província, sofremos um corte muito forte de toda a verba pública. Obviamente, tudo o que fazem em todo o país afeta a província, pelo tamanho, pela dimensão, pela proporção que representa”, completou.
O governador de Buenos Aires defendeu a entrada e permanência da Argentina no Brics, grupo formado inicialmente por Brasil, Rússia, Índia, China e África do Sul. O convite ao país vizinho para integrar o bloco foi aceito na gestão anterior, e ingresso seria a partir de janeiro de 2024. No entanto, Milei enviou uma carta anunciando a retirada da nação.
“A Argentina deveria formar parte dos Brics, não por uma questão ideológica, de orientação, mas porque é conveniente para a Argentina um bloco muito importante”, afirmou.
Mais cedo, Kicillof se reuniu com o vice-presidente e ministro do Desenvolvimento, Indústria, Comércio e Serviços, Geraldo Alckmin. Depois, seguiu para o encontro com Lula, que teve também a participação do ministro da Fazenda, Fernando Haddad, e do assessor especial para assuntos internacionais, Celso Amorim.
O governador de Buenos Aires foi ministro da Economia da Argentina entre 2013 e 2015, durante o segundo mandato de Cristina Kirchner. O encontro ocorre em meio à relação marcada por desentendimentos entre Lula e Milei. Durante a campanha eleitoral, o então candidato argentino fez diversas críticas ao brasileiro, que solicitou um pedido de desculpas. Em julho deste ano, o presidente do país vizinho não compareceu ao encontro do Mercosul, realizado em Assunção, no Paraguai.
Em seu lugar, Milei enviou um integrante do governo. Dias antes, porém, participou de uma agenda, em Santa Catarina. À época, Lula criticou as experiências neoliberais na América Latina, mas não citou o presidente argentino. Dias depois, em outro evento, o brasileiro comentou o episódio. “Ele [Milei] tem que pedir desculpas ao Brasil, senão a relação é complicada. Você pode falar a bobagem que você quiser falar desde que você respeite o direito dos outros. É assim que eu faço política internacional”, disse.