Os governos do Distrito Federal e de Goiás negociam a criação de um consórcio para impedir o reajuste das passagens do Entorno. Em reunião nesta quinta-feira (20) com o governador do DF, Ibaneis Rocha, o governador em exercício de Goiás, Daniel Vilela, e prefeitos da região do Entorno, foi acordado que o governo goiano e distrital paguem em torno de R$ 67 a R$100 milhões por ano para manter o preço médio das passagens entre R$5 e R$8.Em contrapartida, a União entraria com outros R$ 100 milhões em infraestrutura. O governo espera que os detalhes jurídicos do consórcio esteja finalizado em 15 dias.“Nós estamos trabalhando desde 2023 nesse grupo de trabalho para poder possibilitar esse convênio unindo o governo de Goiás, o governo do DF e a ANTT para resolver definitivamente esse problema das tarifas do entorno que tanto incomoda a população e que dificulta também aqui, para nós do Distrito Federal, a contratação de pessoas desses lugares devido ao preço alto da passagem. Então foi decidido que nós vamos fazer um convênio onde as três partes entrarão com algo em torno de R$ 67 milhões por ano, para reduzirmos a passagem a um preço médio de R$8, beneficiando todos os moradores”, disse Ibaneis.O governador em exercício de Goiás, por sua vez, explicou que agora basta construir os instrumentos jurídicos para garantir o benefício à população. “A população do entorno, com muita certeza, paga uma das maiores tarifas de transporte coletivo do Brasil. E essa é uma situação que a cada ano nos traz um problema com o reajuste da ANTT, que é a responsável pela garantia do transporte coletivo da região do Entorno”, observou. Ele acrescenta que o objetivo da reunião era construir um “consórcio interfederativo, onde Goiás, DF e naturalmente o governo [federal], com a participação de investimento, possa reduzir a tarifa que já vem sendo reajustada ao longo dos últimos anos”. “Queremos uma tarifa que seja acessível para a população, e ao mesmo tempo garantir novos investimentos como renovação de frota, construção de plataformas, reforma de terminais para que a gente ofereça um transporte coletivo de qualidade para essa população que é quem abastece a cidade de Brasília e o governo federal”, disse.Em relação ao reajuste de 2,919% aprovado pela ANTT nesta semana e que começa a valer neste domingo (23) a partir das 0h, o governo distrital e goiano pretende se reunir com a agência e pedir a suspensão do reajuste. “Vamos contactar a ANTT e avisar da disposição dos nossos governos para que quem sabe esse reajuste não seja feito antes da gente poder tomar as decisões operacionais e mais uma vez não tenha impacto no transporte coletivo. Ano passado houve um aumento de 7% e com mais 2% desse ano já vai para 9% de aumento. Então o objetivo é que isso [reajuste] não aconteça. ANTT tem que ter sensibilidade”, avaliouSegundo a ANTT, o reajuste foi feito considerando “fatores econômicos e operacionais para garantir a continuidade do serviço à população”. “Dessa forma, o contrato prevê atualizações anuais, calculadas com base na variação dos custos dos insumos utilizados na prestação do serviço entre janeiro e dezembro do ano anterior, como combustíveis, manutenção da frota e outros insumos essenciais”, declara. A tarifa das operações entre Petrolina (PE) e Juazeiro (BA) também sofreram reajuste.A atualização não será aplicada nas linhas operadas pela empresa Taguatur, que opera em regime de permissão, mas as demais linhas, que estão em regime de autorização especial, serão afetadas. Com a mudança, os preços vão chegar a até R$ 12,05 (entre Luziânia/GO e Taguatinga; e entre Lago Azul (Novo Gama/GO e Brasília). No caso do serviço diferenciado, a tarifa vai chegar a R$ 22,90, no trecho Planaltina (GO) - Brasília (DF).Em fevereiro do ano passado, a ANTT reajustou as tarifas das passagens em uma média de 8,56%. A justificativa foi a falta de atualização de valores em 2021 e 2022, quando o serviço estava sob comando do governo do Distrito Federal, o que teria dificultado a operação das empresas.Vale lembrar que no dia 11 deste mês, o governador do DF, Ibaneis Rocha, assinou decreto que cria a Secretaria do Entorno, ocasião em a tarifa intermunicipal foi apontada pelo chefe do Palácio do Buriti como o principal desafio da pasta pelo novo secretário, Cristian Viana.