Governo federal planeja usar equipamentos do aeroporto de Porto Alegre em Caxias do Sul
Ideia é habilitar aeroporto de Caxias do Sul para receber turistas; ministro afirmou já ter formalizado o pedido junto à Anac
Brasília|Ana Isabel Mansur, do R7, em Brasília
O governo federal quer usar os equipamentos que estão parados no Aeroporto Salgado Filho, em Porto Alegre (RS) — inundado e fechado desde 3 de maio — para ampliar a capacidade do Aeroporto Regional Hugo Cantergiani, em Caxias do Sul (RS). A ideia, segundo o ministro extraordinário para o Rio Grande do Sul, Paulo Pimenta, é habilitar a unidade para receber os turistas que costumam visitar a Serra Gaúcha no meio do ano. A solicitação já foi feita à Anac (Agência Nacional de Aviação Civil), segundo o ministro. O Salgado Filho está inoperante e sem previsão de reabertura.
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“Já formalizamos com a Anac e o Ministério de Portos e Aeroportos uma solicitação para que esses equipamentos e ILS (sistema de pouso por instrumentos, na sigla em inglês) que estão no Salgado Filho possam ser usados aqui [em Caxias do Sul] durante esse período em que o Salgado Filho não está operando. A prefeitura também já tomou iniciativa para buscar partes de sinalização, iluminação e outros equipamentos. Especialmente porque teremos os meses de junho e julho que são da safra do turismo da região das hortênsias e da Serra Gaúcha. Estamos correndo a toda velocidade para tentar capacitar ao máximo os equipamentos [do aeroporto de Caxias do Sul] para ampliar os horários, a possibilidade de segurança para outros voos e a utilização do para esse próximo período”, explicou Pimenta em Caxias do Sul, nesta segunda (27).
A tragédia no estado já deixou ao menos 169 mortos e 806 feridos. Outras 56 pessoas estão desaparecidas e 55.813 gaúchos estão em abrigos. A população afetada — em 469 municípios do RS, mais de 94% do estado — ultrapassa 2,3 milhões. Os desalojados somam 581.638. As forças de resgate oficiais já salvaram 77.712 pessoas e 12.521 animais, segundo a atualização mais recente da Defesa Civil local.
Devido à situação, a Base Aérea de Canoas (RS) começou a operar voos comerciais, com transporte de passageiros e cargas, nesta segunda-feira (27). O objetivo é atender à demanda de transporte aéreo de passageiros. A medida foi aprovada em reunião extraordinária da Anac e publicada na última segunda-feira (20). Com a decisão, a Fraport Brasil, operadora do terminal, administrará as operações aéreas civis em Canoas. A concessionária informou que a operação de embarque e desembarque de passageiros será a partir de um local temporário: o Terminal ParkShopping Canoas. O lugar conta com espaço para as companhias aéreas realizarem o processo de check-in, despacho de bagagem e embarque dos passageiros.
Há duas semanas, Pimenta afirmou, em entrevista ao Balanço Geral RS, que o Salgado Filho deve ficar fechado ao menos por seis meses. “Em menos de seis meses não acredito que volte a funcionar. A pista está embaixo d’água. Quando baixar, tem aquela parte que a gente conhece, operacional, mas vai ter de ser eito um grande estudo. Essa pista virou uma espécie de esponja. Possivelmente terá de ser feito um trabalho de sondagem para reforço dessa pista. Não sou técnico da área, mas pelo que estou acompanhando, sinceramente, acho que, dificilmente, em menos de seis meses esse aeroporto volte a funcionar”, admitiu Pimenta.
Governo federal
Também há duas semanas, o Ministério dos Portos e Aeroportos criou dois grupos para acompanhar as ações de atendimento nas instalações portuárias e aeroportuárias afetadas pelas enchentes no Rio Grande Sul. As duas resoluções estabelecem que as equipes têm caráter temporário. Em ambos os casos, as reuniões devem ser feitas, preferencialmente, de forma virtual. Os textos também autorizam o convite de entidades públicas e privadas para auxiliar os trabalhos.
No caso da aviação, o grupo é formado por representantes de órgãos que integram a Conaero (Comissão Nacional de Autoridades Aeroportuárias), que deve funcionar por dois meses. Porém, a publicação autoriza que este prazo seja ampliado caso haja necessidade. Já sobre os portos, os órgãos participantes fazem parte da Conaportos (Comissão Nacional das Autoridades nos Portos) e seguem os mesmos parâmetros da equipe anterior, mas o número de órgão com representantes no grupo é maior.