Haddad diz que importação de arroz depende do preço do produto no exterior
Medida poderia suprir eventual falta do produto, cujo maior produtor é o RS, que enfrenta calamidade em função das chuvas
Brasília|Plínio Aguiar, do R7, em Brasília
O ministro da Fazenda, Fernando Haddad, afirmou nesta quarta-feira (8) que a importação de arroz depende do preço do produto no exterior e afirmou que o Brasil precisa diversificar suas culturas a fim de evitar a monocultura. A importação está em estudo para suprir um eventual desabastecimento do produto em função das enchentes no Rio Grande do Sul, estado que é o maior produtor de arroz do país.
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“Teve um problema no Rio Grande do Sul [no ano passado] e quando o Ministério da Agricultura foi verificar o preço internacional para importar, se importasse, o preço ia subir mais ainda, porque o preço internacional estava alto. Ou então, [o governo poderia] entrar com recurso para subsidiar o preço do arroz, mas não faz sentido. O que faz sentido é você ter uma diversificação da produção por estado, induzir essa diversificação, fazer estoques reguladores”, argumentou Haddad.
Segundo ele, Lula está preocupado com uma eventual variação nos preços do arroz. “Ontem mesmo ele ligou para perguntar do preço do arroz, da determinação que ele deu para verificar o caso de importar arroz. Agora, para importar arroz, preço fora precisa estar mais baixo do que o preço de dentro, senão você vai importar o preço vai subir. Tem uma série de questões hoje que envolve clima, envolve financiamento, uma série de problemas, que fazem o presidente estar preocupado com o preço de alimentos.”
O ministro destacou que a abrangência de novas produções deve ser incluída no próximo Plano Safra 2024-2025. “Vamos criar um mecanismo de fazer com que os estados diversifiquem um pouco sua produção, ou seja, não fiquem com uma cultura concentrada em um estado só. Ao invés de um estado produzir só arroz e milho, vai ampliar um pouco o cardápio de culturas. Se todos os estados ampliarem um pouco, saírem da monocultura, o Brasil é tão grande que, se acontecer um problema num estado, a produção dos outros estados compensa.”
A medida, ainda não definida, foi ventilada pelo presidente Luiz Inácio Lula da Silva. “Com a chuva, eu acho que nós atrasamos de vez a colheita do arroz no Rio Grande do Sul. Portanto, se for o caso, para equilibrar a produção, a gente vai ter que importar arroz, a gente vai ter que importar feijão para que a gente coloque na mesa do povo brasileiro um preço compatível com aquilo que ele ganha”, afirmou o petista na última terça-feira (8).
As chuvas no Rio Grande do Sul afetaram a produção agrícola, principalmente de arroz, soja e trigo, além da pecuária. A logística foi comprometida, com estradas obstruídas por barreiras e pontes que caíram. Isso deve impactar, além do abastecimento do estado, os preços dos alimentos no país. Segundo economistas, a expectativa é um aumento de preços nesses produtos nas próximas semanas, devido à calamidade pública no estado.
O governo Lula estuda a possibilidade de importar arroz da Venezuela. No Brasil, já foram colhidos 90,5% da área de soja da safra de 2023/24, segundo a Conab (Companhia Nacional de Abastecimento). O Sul é a região com as atividades de campo mais atrasadas. No Rio Grande do Sul, as atividades somam 60%, contra 70% no mesmo período de 2023. Em Santa Catarina, a colheita alcançou 57,6% da área, abaixo dos 82,8% há um ano.