Lula assume culpa após Senado rejeitar nome indicado por ele à Defensoria Pública da União
O presidente lamentou a derrota e disse que as cirurgias podem ter atrapalhado a articulação para aprovar Igor Roberto Roque
Brasília|Ana Isabel Mansur, do R7, em Brasília, e Augusto Fernandes, da Record TV
O presidente Luiz Inácio Lula da Silva (PT) disse nesta sexta-feira (27) que tem uma parcela de culpa pelo fato de o Senado ter rejeitado o nome de Igor Roberto Albuquerque Roque para o comando da Defensoria Pública da União (DPU). Segundo o presidente, o período em que ele ficou internado, no fim de setembro, para duas cirurgias pode ter interferido na articulação com os senadores para que a indicação feita por ele fosse aprovada.
"O fato de eles não terem aprovado o Igor para a Defensoria Pública, possivelmente eu tenha culpa, porque estava hospitalizado. Não pude conversar com ninguém a respeito dele, não pude sequer avaliar se ele iria ser votado ou não. Lamento profundamente", disse Lula durante um café da manhã com jornalistas no Palácio do Planalto.
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Roque foi escolhido por Lula e chegou a ser aprovado na Comissão de Constituição e Justiça (CCJ) do Senado, mas acabou reprovado pela maioria dos senadores no plenário. Lula disse que, agora, é preciso ter paciência e que ele vai ser mais cauteloso com a próxima indicação.
"Eu não sei com quantos senadores ele conversou, não sei se ele conversou com os líderes do governo. Eu possivelmente tenha culpa de ter sido internado no dia 29 [de setembro] e não ter falado com nenhum senador a respeito dele", comentou.
"Quando a gente indica alguém, a gente avalia muito o momento da votação para saber se ele vai aprovar ou não. Tinha 74 votos no quórum. O nosso pessoal achou que ia ser tranquilo, e não foi tranquilo. Paciência. Vou ter que indicar outro e vou ter que ter mais cuidado de conversar com quem vota, que não sou eu", destacou o presidente.
A resistência ao nome de Roque ocorreu depois que uma parte dos senadores da oposição passou a afirmar que ele defende pautas como a descriminalização do aborto. O defensor não foi questionado sobre tais assuntos durante a sabatina na CCJ, mas negou que defenda as pautas.
Roque é ex-presidente da Associação Nacional das Defensoras e Defensores Públicos Federais (Anadef) e ficou em segundo lugar na lista tríplice elaborada pelo órgão para assumir a chefia da DPU.
Ele ficou conhecido nacionalmente por atuar na defesa de Danilo Marques, um dos presos da Operação Spoofing, mais conhecida como Vaza Jato, em 2019. Na ocasião, hackers revelaram trocas de mensagens entre procuradores da Lava Jato, inclusive do ex-juiz e atual senador Sergio Moro (União-PR).