Lula critica Aneel por apagão em SP: ‘Não regula nem fiscaliza’
Presidente estendeu repreensão à Prefeitura da capital paulista, à Enel e à Arsesp; 111 mil casas seguem sem energia
Brasília|Ana Isabel Mansur, do R7, em Brasília
O presidente Luiz Inácio Lula da Silva criticou neste sábado (19) a Aneel (Agência Nacional de Energia Elétrica), uma autarquia federal, pela conduta em relação ao apagão que atinge a região metropolitana de São Paulo há oito dias. Em transmissão nas redes sociais com o candidato à prefeitura da cidade Guilherme Boulos (PSOL), o petista destacou o fato de a diretoria da Aneel ser composta por indicados do ex-presidente Jair Bolsonaro (PL).
Leia tanbém
“Nós temos uma agência de regulação [Aneel] que não regula nem fiscaliza. Foi feito convênio com a agência de São Paulo de fiscalização [Arsesp, Agência Reguladora de Serviços Públicos de São Paulo], que também não regula nem fiscaliza, e temos a prefeitura, que assume compromisso, mas não fiscaliza”, criticou, ao completar que não quer “ficar batendo boca, nem com o governo [de SP], nem com a prefeitura. “Quero cuidar do povo primeiro. Depois, vou fazer minhas brigas políticas com quem quer que seja”, acrescentou Lula.
Procurada pelo R7 para comentar as críticas feitas por Lula, a Prefeitura de São Paulo afirmou que cabe a ela o manejo das árvores fora da zona de risco das instalações elétricas. “Desde 2021, 627.734 árvores foram podadas pelo Município, ou seja, uma média de 454 exemplares por dia. Somente neste ano, até 10 de outubro, foram 132.809 árvores, além de 10.029 removidas. Em 2017, eram mais de 81 mil ordens de serviço em estoque para poda e remoção”, afirma a prefeitura em nota. Veja a íntegra ao fim da matéria.
O R7 também entrou em contato com a Aneel, a Enel e a Arsesp e não obteve retorno até a última atualização desta reportagem. O espaço segue aberto para manifestações.
A Enel, concessionária responsável pela distribuição de energia na capital paulista, informou ao R7 que 111 mil casas seguem sem luz por conta das fortes chuvas da semana passada. “O número representa 1,35% das mais de 8 milhões de unidades consumidoras atendidas pela empresa”, escreveu a Enel. O Inmet (instituto Nacional de Meteorologia) emitiu alerta de perigo para tempestades em SP até este domingo (20).
O presidente declarou, ainda, que o apagão poderia ter sido evitado. “Não foi um problema da natureza. Choveu, mas se as árvores tivessem cortadas, se a empresa Enel tivesse sido responsável e feito do jeito que deveria fazer, se a empresa fiscalizadora de SP [Arsesp] tivesse fiscalizado, se a agência nacional [Aneel] tivesse fiscalizado... Porque toda essa gente foi indicada pelo governo passado, eles têm mandato”, justificou.
Posicionamento da Prefeitura de São Paulo quanto as críticas feitas por Lula
“Desde maio de 2020, a ENEL tem um convênio com a cidade de São Paulo em que se compromete com um Plano Anual de manejo de árvores em zona controlada e de risco de instalações elétricas. A Secretaria Municipal de Subprefeituras (SMSUB) mantém reuniões mensais com a concessionária. No entanto, para 2024, a empresa pediu autorização para realizar a poda de 240,4 mil árvores, mas, até o momento, menos de 1% do serviço foi declarado como feito pela ENEL, ou seja, 1.730 árvores. Em 2023, quando a concessionária se prontificou a cuidar de 248,6 mil árvores, a execução registrada por ela foi de 3% das podas planejadas.
À Prefeitura cabe o manejo das árvores fora da zona de risco das instalações elétricas e, desde 2021, 627.734 árvores foram podadas pelo Município, ou seja, uma média de 454 exemplares por dia. Somente neste ano, até 10 de outubro, foram 132.809 árvores, além de 10.029 removidas. Em 2017, eram mais de 81 mil ordens de serviço em estoque para poda e remoção.
O número de engenheiros agrônomos foi ampliado em 32% na atual gestão, de acordo com as Secretarias de Gestão e das Subprefeituras. De 2021 para 2024, passamos de 239 para 315 profissionais.”