Lula destaca compromisso do governo federal com educação da ‘creche à universidade’
Presidente recebeu escolas com nota máxima no Ideb, todas no Nordeste; gestão educacional é repartida entre entes
Brasília|Ana Isabel Mansur, do R7, em Brasília
O presidente Luiz Inácio Lula da Silva destacou nesta quarta-feira (4) o compromisso do governo federal com a educação, desde os primeiros anos de ensino até a chegada do estudante à universidade. Pela Constituição Federal, o direito à educação é compartilhado pelos entes federados — a educação infantil e o ensino fundamental 1 são de responsabilidade dos municípios; os estados geram o ensino fundamental 2 e o ensino médio; e a União coordena as universidades federais, além de liderar a condução dos demais entes.
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“O problema nosso é que quem cuida do ensino fundamental é o município, do ensino médio é o estado e do ensino superior somos nós. Mas, na verdade, o governo federal tem preocupação da creche até a universidade, porque [o estudante] tem que estar bem na creche, no ensino fundamental, no ensino médio e na universidade”, declarou o presidente, em evento de homenagem às 21 escolas nota 10 no Ideb (Índice de Desenvolvimento da Educação Básica), no Palácio do Planalto, em Brasília (DF).
O petista comemorou o fato de todas as instituições serem do Nordeste — são 15 colégios do Ceará, um de Pernambuco e cinco de Alagoas. “Queria dizer o que vocês simbolizam para mim. Primeiro, o prazer de ser escolas do Nordeste, porque uma das coisas que me agoniou a vida inteira era ler um jornal em São Paulo ou ver televisão e tudo que tinha na educação de ruim era o Nordeste o primeiro colocado. Eu pensava: ‘Será possível que fizemos algum erro histórico, algum pecado, que Deus não gosta de nós? Queremos que o mundo inteiro saiba que as crianças brasileiras estudam, vencem na vida e que o Nordeste não é mais simbolo de atraso. O Nordeste pode ser símbolo de desenvolvimento e educação”, afirmou Lula.
O presidente demonstrou interesse em reproduzir o cenário das escolas com nota máxima nas outras instituições de ensino do país. “Agora, temos a tarefa de pegar o que acontece, de fato, dentro de uma escola como a de vocês que motiva vocês a virarem nota 10 e precisamos garantir que aconteça em todas as escolas deste país”, acrescentou, ao defender a escola como um espaço que desperta interesse nos estudantes.
“O ideal é que a gente crie um sistema de funcionamento e de relacionamento que a criança levante de manhã tendo desejo, prazer e vontade de ir para a escola. A gente tem que garantir que nossas escolas sejam um ponto de atração”, pediu Lula.
O petista destacou que o bem-estar dos educadores precisa ser levado em consideração para garantir a qualidade da educação. “Os professores têm de estar bem, por isso que criamos o piso salarial, porque a professora cuida dos filhos deste país durante horas e horas e, muitas vezes, quando chega na remuneração, é sempre tudo muito pouco, a ponto de a gente ter em muitos lugares pessoas que não querem mais ser professoras porque não veem vantagem financeira”, lamentou.
Avaliação
O último Ideb, relativo a 2023, foi divulgado em 14 de agosto. O índice mede a qualidade do ensino e das escolas brasileiras. No ano passado, o Brasil avançou em duas etapas de ensino, mas apenas o índice dos anos iniciais do ensino fundamental, do 1º ao 5º ano, atingiu a meta de qualidade nacional.
Criado em 2007, o índice reúne resultados de dois conceitos relacionados à qualidade da educação. São eles: o fluxo escolar e as médias de desempenho nas avaliações. Segundo o MEC (Ministério da Educação), o indicador permite que o governo trace metas de qualidade educacional para os sistemas.
Veja os municípios das escolas com nota máxima no Ideb:
• Ceará: Coreaú, Cruz, Itapiúna, Mucambo, Novo Oriente, Pires Ferreira, Sobral e Solonópole.
• Alagoas: Coruripe, Teotônio Vilela e União dos Palmeiras.
• Pernambuco: Custódia.
Alfabetização
Lula voltou a defender investimentos em educação e criticou quem se refere aos recursos educacionais como “gastos”. “Educação é o mais importante investimento que um governo pode fazer”, declarou, ao afirmar que priorizar o tema é garantir que o Brasil deixe de “mandar nossos gênios para o exterior” e consiga “formá-los aqui”.
Em maio, o governo federal lançou um pacto para alfabetizar 80% das crianças do país até 2030. No ano passado, o índice ficou em 56% do patamar de alfabetização (ou seja, aprender a ler e escrever na idade correta) definido pelo Inep (Instituto Nacional de Estudos e Pesquisas Educacionais) para o segundo ano do ensino fundamental.