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Lula fala em usar BNDES para financiar obras nos estados para se aproximar de governadores

Chefes do governo dos estados apresentaram a Lula as demandas da reforma tributária e prioridades em infraestrutura

Brasília|Hellen Leite e Plínio Aguiar, do R7, em Brasília

Lula fala durante reunião com governadores no Palácio do Planalto, em Brasília (DF)
Lula fala durante reunião com governadores no Palácio do Planalto, em Brasília (DF)

Em reunião com governadores nesta sexta-feira (27), o presidente Luiz Inácio Lula da Silva (PT) falou em avançar em um "comportamento civilizado" com os chefes dos Executivos locais e voltou a falar em usar o Banco Nacional de Desenvolvimento Econômico e Social (BNDES) para financiar obras em todo o país. 

"Sabemos que tem obras que são consideradas prioritárias para o estado e para a região. Queremos compartilhar a responsabilidade de fazer uma obra dessas. Pretendo fazer com que o BNDES seja um banco de desenvolvimento, e, para isso, tem que ter competência e paciência para emprestar dinheiro a governadores para que possam concluir obras para o estado", disse Lula.

O presidente afirmou, também, que o Banco do Nordeste vai voltar a emprestar dinheiro ao governo dos estados, desde que as contas estaduais estejam equilibradas. "Se as contas do estado estão em dia, não há motivo para o governo federal não facilitar esse empréstimo."

O presidente do Brasil tenta se aproximar dos governadores, especialmente dos que fizeram oposição durante a campanha eleitoral, como Cláudio Castro (PL), governador do Rio de Janeiro; Tarcísio de Freitas (Republicanos), governador de São Paulo; e Romeu Zema (Novo), governador de Minas Gerais. "Não quero chegar a um estado e ter um governador como inimigo", disse Lula.


Na reunião, os governadores apresentaram as prioridades de cada estado. A principal pauta é a reversão das leis complementares que estabeleceram limites para as alíquotas do ICMS dos estados, o que representa uma perda de cerca de R$ 38 bilhões por ano no caixa dos estados.

Segundo Castro, vai ser preciso encontrar um meio-termo para o tema. "Há um movimento político muito ruim se se falar agora de aumento de carga tributária, então a gente vai ter que achar uma conta em que a população não sinta isso, mas que a gente consiga recompor", disse.


Empréstimos

Recentemente, Lula disse que pretende ampliar financiamentos do BNDES também a outros países, mas os parceiros atuais do banco somam R$ 5,1 bilhões em dívidas com a instituição.

Desde 1998, quando a linha de crédito foi criada, alguns países devedores não cumpriram os compromissos. Até setembro de 2022, havia pagamentos não realizados por Moçambique (R$ 627 milhões), Cuba (R$ 1,1 bilhão) e Venezuela (R$ 3,5 bilhões).


Quando há inadimplência, o BNDES é ressarcido pelo Fundo de Garantia à Exportação (FGE), que cobre calotes em operações de empresas nacionais fora do país. O FGE já devolveu ao banco aproximadamente R$ 5 bilhões — o que significa que ainda faltam R$ 100 milhões.

A origem dos recursos que alimentam o FGE é brasileira. Compõem o fundo, por exemplo, o resultado das aplicações financeiras dos recursos do BNDES, as comissões decorrentes na prestação de garantia e recursos do Orçamento da União.

Corrupção

Presença constante nos escândalos de corrupção que envolvem empreiteiras e o governo, muitos revelados na operação Lava Jato, o financiamento às obras no exterior em países da América Latina e da África foi extinto a partir do governo Michel Temer (MDB).

Após os escândalos em alguns dos projetos, o BNDES freou o crédito para o comércio exterior. Os desembolsos do BNDES Exim, linha para financiar as exportações, somaram R$ 2,567 bilhões em 2021, queda nominal (sem descontar a inflação) de 56,7% ante 2020.

No ano passado, o banco de fomento alcançou a marca de 100 bilhões de dólares em desembolso para o comércio exterior, em três décadas. Desse total, os empréstimos a obras respondem por pouco mais de 10%. E cerca de 1 bilhão de dólares está registrado como calote de Venezuela, Cuba e Moçambique.

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