Lula quer construir política de segurança pública em parceria com governadores
Objetivo é discutir o papel do governo federal nas iniciativas de segurança das unidades federativas
Brasília|Ana Isabel Mansur, do R7, em Brasília
O presidente Luiz Inácio Lula da Silva declarou nesta terça-feira (16) que pretende reunir os 27 governadores das unidades federativas do Brasil para discutir uma política de segurança pública. A intenção do petista é discutir como o governo federal “pode ajudar” a fortalecer as iniciativas de segurança regionalmente.
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“Eu agora vou discutir uma política de segurança pública. Eu não vou fazer junto com o Lewandowski [ministro da Justiça e Segurança Pública], com Casa Civil, com AGU [Advocacia-Geral da União] um projeto de segurança. Não, eu vou chamar os 27 governadores para dizer o seguinte: ‘o governo federal quer participar da questão da segurança pública, queremos saber qual é o nosso papel, onde a gente entra e como a gente pode ajudar’. Porque não tem espaço, a segurança é mais estadual que federal”, afirmou o presidente durante anúncio de investimentos para o setor alimentício, no Palácio do Planalto.
No início do mês, Lula afirmou que estuda uma PEC (proposta de emenda à Constituição) para ampliar a competência da Polícia Federal no país, com a inclusão de atuação contra milícias privadas, crimes ambientais e narcotráfico. O texto foi finalizado pelo ministro Lewandowski e entregue ao Palácio do Planalto. Na ocasião, o presidente disse ser a favor da medida e descartou a possibilidade de a proposta representar uma ingerência do governo federal nas competências estaduais sobre segurança pública.
“Possivelmente, dentro de uns 10 a 15 dias, eu vou chamar o [Ricardo] Lewandowski e todos os meus ministros que foram governadores de estado. Quero que participem para fazer uma proposta de segurança pública, sabendo que a gente vai enfrentar a recusa de muitos governadores. Porque muitos reclamam, mas não querem abrir mão do controle da Polícia Civil e da Política Militar. Nós não queremos ter ingerência”, destacou à época, em entrevista para uma rádio de Salvador.
Defesa da estabilidade econômica
No evento desta terça (16), Lula aproveitou para reforçar a previsibilidade política e econômica do país. “Ninguém será pego de surpreso neste país com uma medida tomada meia-noite do Lula, do gabinete dele com seus ministros. Não. As coisas serão tomadas ao meio-dia, com o sol bem claro e para todo mundo saber o que a gente está fazendo. Agora, quando fizemos o PAC [Programa de Aceleração do Crescimento], a primeira coisa que pedi para a Casa Civil é que a gente deveria reunir todos os governadores do Brasil, independentemente de partido político”, afirmou.
O presidente voltou a criticar o mercado e pediu “confiança na capacidade produtiva”. “Este país está pronto, está preparado para dar um salto de qualidade, já foi muito destruído, judiado, vítima de muitas enganações e a gente não quer enganar ninguém, porque política econômica não tem mágica, não existe mágica. Ou vocês confiam naquilo que a gente está fazendo, e vocês apostam na capacidade produtiva ou não dá certo. Este país precisa parar de ter gente vivendo de dividendos e ter gente vivendo de trabalho, de geração de emprego, de geração de renda, porque é isso que faz a economia girar”, destacou Lula.