Logo R7.com
Logo do PlayPlus
R7 Brasília

Lula quer fechar acordo de Mariana ainda neste ano, diz governador do Espírito Santo

Casagrande pede inclusão de obra viária nas negociações, que envolvem governo federal, MG, ES e mineradoras

Brasília|Ana Isabel Mansur, do R7, em Brasília

Governador se reuniu com Lula em Brasília Tomaz Silva/Agência Brasil - 18.6.2024

O presidente Luiz Inácio Lula da Silva deseja concluir o acordo para reparação dos danos causados pelo rompimento da barragem de Mariana (MG) ainda neste ano. A intenção foi apresentada em reunião nesta quarta-feira (4) ao governador do Espírito Santo, Renato Casagrande (PSB). O desastre ambiental ocorreu em novembro de 2015 e matou 19 pessoas. Os valores da negociação, a serem pagos pelas mineradoras Samarco, BHP e Vale, serão destinados às vítimas, União e cidades e estados atingidos.

LEIA MAIS

“Estamos fechando aí já o segundo ano do governo e ainda não temos esse acordo. O presidente Lula acha que nos próximos dias fecharemos o acordo. Ele está em contato com a atual direção da Vale e com o futuro presidente da Vale, para que a gente fecha esse acordo ainda neste ano. Pedi para incluir no acordo a duplicação da BR-262, que liga a região metropolitana de Vitória a Belo Horizonte, um eixo importante de desenvolvimento de Minas Gerais e do Espírito Santo”, declarou Casagrande.

A negociação é conduzida pelo (TRF-6) Tribunal Regional Federal da 6ª Região e envolve a União, os governos capixaba e mineiro e outras entidades públicas, como o Ministério Público Federal, os ministérios públicos de MG e do ES, a Defensoria Pública da União e as defensorias públicas de MG e do ES.

A barragem de Mariana era da Samarco, uma joint venture (espécie de associação entre empresas) da australiana BHP com a Vale. A Samarco está em recuperação judicial. Além das mortes, o desastre despejou aproximadamente 40 milhões de m³ (40 bilhões de litros) de lama em comunidades, no rio Doce e no Oceano Atlântico, no Espírito Santo, a 650 km de distância do local do rompimento. No total, cerca de 50 municípios foram afetados, direta ou indiretamente.


Negociações e valores

A conclusão do acordo se arrasta há quase uma década por conta das divergências a respeito dos valores das indenizações. A última proposta das mineradoras, apresentada em junho deste ano, prevê o pagamento total de R$ 140 bilhões, entre quantias já quitadas e parcelas futuras.

Esse valor inclui R$ 37 bilhões já investidos em reparação e compensação; R$ 82 bilhões, ao longo de 20 anos, ao governo federal, aos estados de MG e ES e aos municípios atingidos; e R$ 21 bilhões em obrigações a fazer. Segundo o governador Casagrande, tanto Minas Gerais quanto Espírito Santo estão de acordo com as quantias propostas.


“O valor exato a gente não sabe ainda, [mas] os valores estão nesse patamar, para além daquilo que já foi feito de investimento, em torno de R$ 100 bilhões. O que tínhamos de pendência [para o ES concordar com o acordo] era a inclusão de municípios do litoral norte do ES, comunidades originárias e de pescadores, mas o TRF6 já tomou essa decisão, falta só a quitação, então está resolvido”, acrescentou o governador.

Casagrande afirmou, ainda, que os ministros Rui Costa (Casa Civil) e Jorge Messias (Advocacia-Geral da União), também presentes na reunião, estão com “muita expectativa” de conclusão das negociações em breve.


“O acordo é firmado pela Justiça, pelo TRF-6, mas depende da posição do governo federal, de MG e do ES e está tudo muito bem construído — em termos de valores e responsabilidades de cada um. Tem já uma construção bem feita e bem formatada, para a gente fechar esse empreendimento e colocar um ponto final em um tema que está aberto desde 2015. Tem gente para ser indenizada, infraestrutura para ser recuperada, cobertura florestal para ser recuperada e saneamento para ser feito, e a gente depende desse acordo para ganhar velocidade”, concluiu o governador.

Críticas de Lula

No fim de junho, Lula criticou a Vale e afirmou que a mineradora “está enrolando o povo” de Mariana e de Brumadinho (MG) [em janeiro de 2019]. O petista declarou, também, que o acordo relativo à reparação está “90% resolvido”. “A Vale está enrolando o povo de Mariana e de Brumadinho. Vamos ser francos. Não é brincadeira. Tem sete anos. Criou uma empresa? Para fazer o quê? Essa empresa já fez as casas? Já pagou indenização? Ontem eu cobrei o ministro [de Minas e Energia, Alexandre] Silveira, ele disse que está 90% resolvido, vai apresentar semana que vem ou na outra, para a gente bater o martelo e fechar esse acordo”, afirmou.

“Estou pré-disposto a negociar a dívida da Vale, não com Minas Gerais, mas com o povo da região que foi solapada pela barragem. Aquele povo tem que receber casa, indenização. O rio tem que ser recuperado. E a Vale está lá, com dinheiro aplicado, mas sem querer pagar. Vamos fazer acordo também para que a Vale pague essa dívida e a gente zere os problemas em Minas Gerais”, completou à época.


Últimas


Utilizamos cookies e tecnologia para aprimorar sua experiência de navegação de acordo com oAviso de Privacidade.