Lula sanciona lei que cria o Dia Nacional do Maracatu
Presidente defendeu mais recursos para cultura e pediu patrocínios de empresas; celebração será em 1º de agosto de cada ano
Brasília|Ana Isabel Mansur, do R7, em Brasília
O presidente Luiz Inácio Lula da Silva sancionou nesta terça-feira (12) a lei que cria o Dia Nacional do Maracatu, a ser celebrado em 1º de agosto. A data marca o nascimento de Luiz de França dos Santos, um dos grandes nomes do ritmo, e é comemorada, no mesmo dia, em Pernambuco desde 1997. O projeto, de 2019, é de autoria da então deputada federal Luciana Santos, atual ministra da Ciência, Tecnologia e Inovação. A aprovação do texto pelo Congresso Nacional foi concluída em outubro.
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Ao assinar a lei, Lula defendeu mais investimentos em cultura e pediu que empresas públicas e particulares patrocinem mais eventos culturais. Para o petista, manifestações como o maracatu não são tão prestigiadas quanto outras expressões.
“Vejo muitas festas e muitas coisas do governo que a gente gasta muito dinheiro para financiar artistas e a gente nunca viu gastar dinheiro para financiar o maracatu. Eu nunca vi uma festa de maracatu aqui em Brasília, em todas as recepções que a gente fez, a gente nunca convidou maracatu. A gente convida outros artistas”, lamentou.
Segundo Lula, um dos principais motivos para a ausência do ritmo é a falta de recursos. “A gente não consegue porque não tem patrocinador, então as pessoas ficam confinadas na sua cidade, bairro, no seu mundinho, porque não tem dinheiro para isso e agora a gente vai ter que arrumar dinheiro, patrocínio, para que essa arte chamada maracatu tenha o mesmo apreço e respeito que tem um rock, um samba, qualquer outro show. Temos que fazer valer a importância da lei. Inclusive, o próprio Ministério da Ciência, Tecnologia e Inovação pode financiar alguma coisinha, para que a gente saia da mesmice”, afirmou o presidente, ao se referir a Luciana Santos.
À ministra da Cultura, Margareth Menezes, Lula também pediu empenho na participação de firmas. “A gente não consegue porque não tem patrocinador. Nós temos que mudar. Estou vendo você [Margareth] dizer que o Ministério da Cultura voltou, que temos dinheiro da lei Paulo Gustavo, da lei Aldir Blanc. Mas, sobretudo, temos que convencer empresas públicas a fazer o que outra empresa privada não quer fazer”, completou.
Redução de despesas
As falas de Lula ocorrem em meio à discussão de corte de gastos públicos que o governo federal tem feito. A redução de despesas será feita em breve, e as áreas afetadas ainda não foram divulgadas pelo Executivo. Nessa segunda (11), o ministro da Fazenda, Fernando Haddad, afirmou que o presidente pediu a inclusão de mais um ministério na lista de pastas federais atingidas pelas medidas. Até então, as discussões envolviam os ministérios da Saúde, Desenvolvimento Social, Educação, Previdência Social e Trabalho e Emprego.
“O presidente pediu para incluir um ministério nesse esforço fiscal, negociação que deve ser concluída até quarta-feira [13, em reunião com esse ministério]. Não vou adiantar [qual ministério], porque não sei se o ministério vai ter tempo hábil de incorporar o pedido, mas acredito que vai haver boa vontade para a gente incorporar uma medida a mais”, afirmou a jornalistas.
Segundo Haddad, as discussões com os ministérios, à exceção dessa nova pasta solicitada por Lula, foram concluídas no domingo (10), em encontro no Palácio da Alvorada, residência oficial da presidência da República.
A convocação do ministro nessa segunda (11) dá sequência às conversas do presidente com a equipe econômica a respeito da redução de despesas. As medidas, que seriam divulgadas, a princípio, até a última sexta (8), seguem sem definição. O Executivo enfrenta resistências internas para efetivar os cortes e críticas do PT, partido de Lula.